Discurso de Posse na presidência da Academia Altamirense de Letras.

Fragmentos do "Discurso de Posse"

Discurso de Posse na presidência da Academia Altamirense de Letras.

Eu, Sônia Aparecida Feiteiro Portugal, ao ser diplomada Presidente da Academia Altamirense de Letras, cadeira nº 2, patrono Dom Eurico Krautler, assumo solenemente o compromisso de trabalhar para o engrandecimento desta entidade cumprir e fazer cumprir seu estatuto e regimento. Buscando o aprimoramento das Letras e das Artes e o fortalecimento da cultura do no nosso município e região. Que Deus me ilumine nesta missão.

Antes de qualquer incursão, quero agradecer a distinção com que fui agraciada pela escolha de meu nome para presidir os destinos desta importante instituição de homens e mulheres de letras, no seio da qual, certamente, outros, por méritos próprios, transporiam com maior justeza tamanha honraria. Sinto-me profundamente honrada e ao mesmo tempo preocupada com as responsabilidades do cargo, principalmente porque a Academia Altamirense de Letras já nasceu grandiosa pela qualidade indiscutível de seus confrades e confreiras, e principalmente pelo trabalho do seu primeiro presidente - João de Jesus Rosa, do qual fui vice. Reconheço minhas limitações pessoais para enfrentar tal desafio mas estou disposta a conduzir esta instituição no biênio 2016/2017.(...)

O grande escritor Dom Eurico Krautler, autor de seis obras sobre sua vida religiosa e convivência com o povo do Xingu escreveu certa vez:

Um indivíduo, que não tem conhecimento de si próprio, é considerado sem personalidade. Um povo, que não conhece seus valores culturais, históricos, religiosos, sociais e econômicos, é pobre e, no sentido estrito da palavra, sem expressão. O conhecimento da história regional constitui fator essencial para fixar o homem ao solo, sendo um dos problemas mais árduos da Amazônia. Julgo, portanto, ser o conhecimento da história do Xingu, fator de vital importância para educação de nossa juventude...”

Dom Eurico Krautler em 8 de dezembro de 1965

Às professorandas da turma de 1965

E foi com este espírito de registrar, preservar e transportar para épocas vindouras a cultura da Transamazônica e Xingu que no dia 20 de agosto de 2010, 6 membros da Associação de Escritores da Transamazônica e Xingu ( João de Jesus Rosa, João de Castro Ribeiro, Sônia A. Feiteiro Portugal, Rosângela Emerique, Marilene Barbosa e Francisco) presentearam Altamira com a fundação da Academia Altamirense de Letras em uma reunião nas dependências da Escola Polivalente de Altamira.

Em 30 de novembro de 2011, em um ato de coragem e fé na edificação das letras e artes do município, 22 corajosos membros da Academia tomaram posse em uma memorável cerimônia na Casa de Cultura.(...)

Hoje é mais um dia histórico na caminhada pela organização desta nobre instituição que após 4 anos troca pela primeira vez sua diretoria. Em consonância com o seu papel aglutinador de intelectual do município e região, a AAL, através da sua nova diretoria continuará ambicionando, reforçar seus vínculos com as instituições de interesses sociais, históricos e culturais do município. (...)

Com o olhar de perto para o espelho e as deformações da história queremos nos lançar escrever.(...)

Resguardar os costumes, os causos, os documentos, a vida, as passagens, os momentos de xinguanos e transamazônidas.(...)

Reconhecer os homens e mulheres das letras(...)

Cuidar da Arte Literária da Transxingu(...)

Não deixar que se perca nossa historia(...)

Há muitos anos iniciei esta viagem pelas letras que hoje me trazem a esta nobre casa. Uma viagem um tanto quanto algoz e ao mesmo tempo terna e suave, hora individual e hora coletiva.

Tenho certeza que o primeiro contato com a Literatura foi ainda na primeira infância com as história que minha mãe contava(...) Nos incentivos a leitura dados por meu pai - Morávamos na roça, porém, cada vez que ele vinha até a cidade ele comprava livros... Contávamos com uma biblioteca mínima em casa: A bíblia, atlas geográfico escolar, dicionário Língua Portuguesa, dentre outros(...) Na adolescência, ainda na roça, era difícil televisão, então sobrava tempo para ler um romance (Julia, Sabrina e Bianca) por dia.

Nos 27 anos de sala de aula com as disciplinas da área de Letras(...)

Com o apoio do saudoso Ubirajara Marques Umbuzeiro que passava sempre, a pé, na frente da casa da minha mãe e perguntava - Cadê a menina poeta?(...)

Com o incentivo do pioneiro da cultura na Transamazônica - João de Castro Ribeiro que organizou as primeiras Antologias Poéticas na região,

oportunizando-me publicar as primeiras poesias(...)

Graças a estes acessos à literatura e muitos outros, estou aqui para receber os desígnio da presidência desta nobre Academia. (...)

Esta distinção que os ilustres membros desta Academia me concederam tanto me honra.(...)

Sei que não será um fardo pesado porque a Arte é leve e apaixonante.

Acredito na luta da coletividade. Nós escritores, juntos, somos mais fortes do que isolados.

Acredito ainda que a arte da palavra é a arte mais vã do ser humano. Vale a pena lutar pela Arte Literária.

Muito Obrigada!

30 de dezembro de 2015