Discurso de posse como membro titular da Cadeira nº 16 da Academia Brasileira de Médicos Escritores ( ABRAMES) de Fábio Daflon - médico e escritor também membro titular da Academia de Letras de Vila Velha, cadeira 36, cujo patrono é Jair Amorim

Excelentíssimo Senhor Acadêmico Leslie de Albuquerque Aloan, Presidente da Academia Brasileira de Médicos Escritores, querida Acadêmica Emérita Juçara Regina Viégas Valverde, Confrades e Confreiras, colegas médicos, senhoras e senhores, boa noite a todos.

Feliz e honrado assumo a Cadeira nº 16 desta academia, cadeira cujo Patrono é o médico e professor Hilário Soares de Gouveia. Pela segunda vez sou eleito para fazer parte de academia letrada, porque desde 18 de outubro de 2017, dia do médico, ocupo a Cadeira nº 36 da Academia de Letras de Vila Velha, cujo patrono é Jair Pedrinha de Carvalho Amorim, radialista, cronista, jornalista, poeta e compositor (autor de Conceição, música gravada por Cauby Peixoto, entre vários sucessos musicais).

Mineiro de Caeté, o Doutor Hilário Soares de Gouveia foi um homem público. Em todos os cargos ocupados fez promover a saúde e ensinar a medicina. Foi regente da cadeira de clínica oftalmológica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e, mais tarde, catedrático de otorrinolaringologia da mesma escola médica, hoje incorporada à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sanitarista autodidata atuou, de forma pioneira, no combate à tuberculose.

Sem cargo eletivo criticou as políticas sanitárias da incipiente República. O que lhe trouxe a antipatia do governo, principalmente, após ter prestado atendimentos a militares da Revolta da Armada e da Revolução Federalista do Rio Grande do Sul. Quando foi preso, fugiu da prisão e se exilou na França, onde também lecionou. Dificuldades que não o impediram, na voltar ao Brasil, de se tornar o Patrono da Cadeira nº 73 da Academia Nacional de Medicina. O que implica dizer que teve uma vida literária, uma biografia digna de um romance histórico.

Igual alegria é e será para sempre ler e divulgar os livros do Doutor Francisco Michielin, gaúcho, primeiro ocupante da Cadeira nº 16 da ABRAMES, que, desde a idade de quatorze anos, atuou no jornalismo esportivo. Consagrado cardiologista, foi Professor Titular de cardiologia da Faculdade de Medicina de Caxias do Sul. Produziu obras inspiradas no cotidiano de sua cidade e livros sobre as alegrias e tristezas do futebol brasileiro. Na literatura médica, em 2013, lançou o livro Doenças do coração, de 1550 páginas, em 121 capítulos, dos quais escreveu 17. Saudações vascaínas, Professor Doutor Francisco Michielin, grande torcedor do Esporte Clube Juventude.

Ao meu antecessor, nascido em Barretos, São Paulo, segundo esculápio a ocupar a Cadeira nº 16, o paulista ortopedista-escritor Nelson Jacintho, cronista, contista, romancista e poeta, atuante em Ribeirão Preto, presto deferência. Ele nos faz recordar a afirmação de Pedro Nava de que nossa profissão é grande manancial para arte da escrita, sendo autor de livros como Histórias pitorescas da medicina ou As histórias do doutor Euzébio, entre outras publicações em prosa e poesia de temáticas amplas.

Passo a me filiar aos meus antecessores e ao patrono da Cadeira nº 16 da ABRAMES, minha filiação é também à tradição judaico-cristã e ao racionalismo grego. Mas, como ser humano sinto a insuficiência e por causa dela precisei de uma cosmologia pessoal, constituída a partir da leitura do livro Os quatro gigantes da alma, de autoria do médico psiquiatra, pioneiro da perícia psiquiátrica no Brasil, doutor Emílio Myra e Lopes. Tais gigantes seriam o Amor, o Medo, a Ira e o Dever; mas a eles acresci mais quatro: o Desejo, a Dor, o Pensamento e o Humor, gigantes esses que me inspiram a escrever o livro de poesias Roda Gigante –, com o subtítulo: os oito gigantes da alma, ainda inédito.

A soma da minha vida médica e de escriba me trouxe a estar entre tão nobilíssimos pares, ampliando os horizontes da sociabilidade e da cultura médica e literária.

Presto homenagem, como não poderia deixar de ser, ao Patrono da Academia Brasileira de Médicos Escritores, Manuel Antônio de Almeida, médico, jornalista e professor do Liceu de Artes e Ofícios, autor do livro Memórias de um sargento de milícias com incontáveis edições, porque um único livro o fez se tornar romancista canônico do romance nacional.

Ergo um brinde à Universidade Estadual do Rio de Janeiro, expresso minha gratidão à Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e aos meus colegas da Turma FCM-1978 e a todos que conviveram e conviverão comigo a partir de agora.

Saudações esculápias e fraternas a todos; muito obrigado.

Em 27 de agosto de 2021.

Fábio Daflon

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 29/08/2021
Código do texto: T7331107
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