O PORQUE DA SAUDADE!

DUO. COMIGO MESMO!

*

Ao Proporcionou-nos

O privilégio de usufruir em nosso íntimo

Um sentimento sensibilizado e diferenciado

Deus presenteou-nos com a riqueza de uma dádiva

O qual nos eleva a variados enternecimentos.

Viaja o homem cumprindo deveres inadiáveis

Em andanças por caminhos longínquos

Passam-se os dias longe do aconchego do lar,

Cartas percorrem distancias, sente, mas não sabe expressar

Por mais longa que seja a missiva explicar o acre-doce é um padecer.

Sem argumentos plausíveis, faz-se poeta para justificar ausências,

Registrando o seu penar ao compor versos confessando-se triste,

Dolorido e amargurado longe do convívio familiar,

Calava a voz, sufocava o pobre e ressentido coração

Respiração lenta ofegante na falta do precioso ar

E ele solitário, coitado, morreria abandonado.

Sem saber o porquê da terrível vontade

De isolar-se acabrunhado buscando encontrar

Na voz do silencio, prazeres de tempos passados,

E sem ter um adjetivo para explicar suas razões

Resolveu classificar suas ânsias, apropriando o significado

Resumindo-o em uma simples palavra. SAUDADE.

No dom da expressão, a interpretação adulterada

Na lembrança do ontem, a completa distorção

Porque o nobre do que foi com ela representado

Não foi para apressar a morte do ser que ama

E sim para que tivéssemos em sua acepção, a recompensa,

Na capitação de lembranças vivas e consideráveis

Que um dia abrilhantaram o nosso viver.

*

“consideram-se felizes aqueles que amores podem recordar”!...

***

Sentir SAUDADES

Não é especificar um sofrer

Mas o assimilar nas longas distancia

A ausência do amor e o benévolo do querer.

Mas a acepção foi falha levando-a ao distorcimento.

Encerrando-se o ciclo, cada um com seu entender,

Provável será a morte, encaminhando ao ápice final,

O outro, único culpado! E passa-se os dias a lamentar

Geralmente fazendo de suas vidas momentos torturantes

Sem o reconhecimento da beleza

que se transforma o ato de recordar,

Preferindo perder a liberdade,

Enclausurando-se com lágrimas a derramar.

Em particular não posso friamente a ninguém condenar

Porque nestes, eu me incluo

E padeço esmorecendo na perda de meus amores

Sem controlar as emoções, sinto-me vitima do destino e do desprezo

Fabricando os próprios flagelos emocionais,

Ao não aceitar o término do primeiro capítulo

Sem querer entender que é necessário

Virar a página para continuação do romance!

Deixo de ser quem eu sou, deixo de externar opiniões,

Esquecendo do belo, perpetuando o doloroso,

No custoso de recuperar a serenidade,

E sentir-me feliz, lembrando o que foi felicidade.

Creio que a maior dificuldade de transformar o fel em docilidades

Encontra-se no simples do iniciar um relacionamento amoroso

Geralmente agimos como posseiros, achamo-nos donos absolutos

Extraindo do parceiro a seiva sagrada, sorvendo o suco que fermenta,

Murchando a própria extensão na destruição totalizada do carisma

Como se bagaço de fruta fosse,

Sob um sol escaldante de oitenta graus.

Após, o reconhecimento,

Mas ainda sem entender o porquê da separação

E a necessidade de seguir a vida

Em um alinhamento com seu curso definido

Deixam-se invadir pelo arrependimento,

Então o distorcer do sentimento,

Fragilizando-se em momentos transitórios,

Mas angustiantes de saudades.

Segue-se a perda da espontaneidade,

Acabrunhando-se nas indefinições,

Pensamentos desordenam-se amarfanhados em desejos regressáveis

Obstruindo o fluxo natural da corrente, que seriam os elos da alegria.

A sequência no sofrer, traz finalmente o entendimento, de que o amar,

É a complementação de uma existência,

e não a impiedosa desmoralização

Onde a vontade absolutista de um dos dois

É resumida na força do querer,

Refletida na prepotência das intenções,

Em atos desgastantes e deploráveis.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 24/08/2010
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