Pós-Morte do Amor

Lua cheia sobe no céu.

Fez-se soar as dozes badaladas...

Contam as lendas

Que essa hora é dos fantasmas...

As bruxas voam em suas vassouras...

As caveiras levam das tumbas

Uma mistura de medo e coragem....

Lua cheia, de súbito, pára.

Seus olhos, brancos,

Fixam-se numa sala escura,

Onde os amantes,

Através de moribundas carícias

Sentem a eternidade

Parada num único instante.

A morte anuncia-se.

O frio cadavérico toma conta do ar.

A luz da lua não é capaz de iluminar

Os olhos daqueles que queriam amar.

O luto toma conta dos corações.

Os rostos cobertos pelo véu

Branco do esquecimento...

Não há estrelas no céu...

Não há dor...

Acabou o amor?

Um segura a mão do outro,

Abraçam-se, esperando da vida o término,

Querem que o último estímulo

Sentido pelo cérebro,

Sentido pelo corpo,

Seja o toque macio da pele,

Ou o calor

Sobrepondo-se ao frio

De uma morte sem amor.

As almas se desprendem

Dos corpos inertes...

Lembranças esquecidas

Pedem guarida...

Os caixões levam

Sentimentos para as profundezas

Do esquecimento...

Vidas vividas no calor

Terminam frias...

Enterra-se corpo ou amor?

O corpo volta ao pó

Da mesma forma que veio,

Vazio, apenas átomos

Que, junto aos vermes,

Desmaterializam-se.

A alma vaga,

Com a verdadeira vida,

Sem vestes inúteis,

Toda nua

E, sob a luz da lua,

Recém-mortos,

Copulam.

Amor não morre!

Nem mesmo a morte...

É capaz de apagar

Sentimento tão voraz.

Um grande amor...

Revitaliza-se

A cada instante...

Revelando-se uma fênix:

Nascendo,

Crescendo,

Envelhecendo,

Morrendo,

Queimando,

Fazendo-se cinza

E renascendo.....

Para morrer e reviver...

- Na eternidade do nosso ser -

AlíriaBranca e André Espínola

Alíria Branca
Enviado por Alíria Branca em 16/06/2007
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