SOBRE QUEM PLAGIA

Já nem me surpreendo ao ver no RL expressões ou frases minhas enfiadas em alguns textos, não como paráfrases ou citações com os devidos créditos, mas travestidas de partes originais desses textos. Plágio mesmo. Falta de originalidade e de senso do ridículo. Não, não digo isso com ira nem vai aqui um aviso de possível recurso judicial. Nada farei contra os pobres coitados. pelo menos enquanto eles estiverem escondidinhos em comunidades literárias, como fazem aqueles estudantes infanto-juvenis que usam poemas alheios, muitos poemas até célebres, para "pegar" as meninas de seus ambientes escolares. Se ousarem o uso profissional/comercial de minhas crias, no todo ou em parte, aí sim, conversaremos em juizo.

Convenhamos, no entanto, que é no mínimo burrice (nem vejo má fé, só burrice mesmo), um sujeito plagiar um texto em determinado site e usar o produto de seu plágio exatamente neste site ou em outros bem próximos, por suas características. Isso ocorreu contra mim, e o pior é que o sujeito fez um bom texto, que continuaria bom sem minhas expressões, mas não resistiu: Tascou-as no meio, inseguro de sua criação. Mais esdrúxulo ainda é que o plagiador trabalhou sobre um poema infantil que publiquei há poucos dias no RL, e sua publicação foi aqui mesmo; no recanto.

Mas o meu objetivo não é condenar, constranger nem retaliar meu plagiador. Prova disto é que preservarei seu nome. Quero apenas falar sobre a fragilidade dessa prática na internet, e de como é difícil acreditar na completa inocência do praticante. Se escrevo algo que me pareça óbvio, o que significa que alguém já pode tê-lo escrito, jogo a frase num site de pesquisa e em poucos minutos sei se estou sendo original. Qualquer um pode fazer isso. Outra forma de não plagiar por coincidência é publicar apenas textos previamente registrados pela Biblioteca Nacional. A BN não registra plágios e reproduções. Por isso registro sempre meus escritos, e só depois os lanço em livros ou sites. Fazendo assim me preservo e posso contestar quem me acuse de plágio ou crime parecido.

Não acredito que um plagiador se sinta realizado. Pode até mesmo desfrutar de uma alegria fugaz, volátil e conflitante, mas não se sente realizado. O vazio logo volta e se reinstala em seu íntimo, porque ele sabe que aquilo não é de todo seu. Que a sua capacidade não está inserida naquele trabalho e que ele precisou de uma muleta intelectual para escrevê-lo. É um deficiente intelectual ou artístico usando esmolas de criatividade que ninguém lhe deu.

Outra suposição deste plagiado é a de que o pobre sujeito nem saiba o que é plágio, portanto, sequer sabe que está plagiando, que isso é crime e pode lhe render desventuras. Penso assim, porque conheço muita gente que tem por plágio a cópia integral, a reprodução com autoria ou assinatura falsa. Isso é mais grave que o plágio, e merece cadeia quem o faz, mas não é plágio. Plágio é disfarce. É o ato de mascarar um texto para assiná-lo, ou de embutir partes de um texto alheio no seu texto, sem citação ou crédito, tornando-o parte desse trabalho. Em resumo, fraude. Sujeira velada.

Por fim, quero dizer aos plagiadores que nem todos os plagiados são tranquilos como este, que não faz questão de pôr o mundo do avesso para punir quem o fraudou. Sejam cuidadosos e creiam mais em seus trabalhos, ou assumam para si mesmos que lhes falta a capacidade que desejam ter. Feito isto, partam para outras práticas e achem finalmente seus dons; aquilo no que podem ser de fato originais e que os faça felizes.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 18/11/2008
Código do texto: T1290041
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