+BIG BOSTA BRASIL 2

BIG BOSTA BRASIL 2.

Deixando de lado a lógica do programa, conforme relatei no Big Bosta Brasil 1, penso que os Comunicólogos, Sociólogos e Psicólogos bem que poderiam proceder a um trabalho científico acerca desse momento inusitado da TV brasileira. Está claro que há uma magia entre a casa e os aproximadamente 75 milhões de telespectadores. A emissora platinada fatura alto em todos os sentidos: no merchandising dos produtos, nas janelas comerciais, nas promoções premiadas por empresas dentro da casa, no patrocínio das gincanas. Igualmente fatura no Faustão, Ana Maria Braga, Fantástico, etc., quando os emparedados saem da casa.

Algumas hipóteses poderiam ser testadas:

1 - Por que tanta curiosidade com a vida alheia?

2 - Por que a "sodomia" praticada dentro da casa é vista com normalidade, diante de um país ainda tão conservador?

3 - Por que, em nome de ser um jogo, os participantes geralmente ignoram os compromissos conjugais deixados lá fora?

4 - Por que há tanto fascínio pelo confinamento de pessoas diferenciadas como gays, enrustidos, idosos, mulheres, negros, sarados, etc.?

5 - O que justifica o sofrimento confesso de alguns BBB diante do confinamento?

6 - Há muita diferença entre a nossa civilização e a greco-romana no que concerne aos massacres humanos?

7 - O dinheiro pode, de fato, levar pessoas a negligenciar dignidade, valores, família, amigos, etc., para se dar bem na vida?

8 - No caso de pessoas que se declaram lésbicas ou gays dentro da casa, às vezes em função do jogo, como elas se reorganizarão lá fora, após o término do programa?

9 - A modernidade não fica em "xeque" diante de programas como BBB, A Fazenda, e 30 dias confinados sozinhos (SBT)?

10 - Será que poderemos chegar ao cúmulo de assistir alguém morrer dentro de uma casa dessas ou similares, em função do dinheiro?

Outras hipóteses poderiam ser estimuladas, mas pode ser que já existam pessoas - estudantes universitários e cientistas de diversos naipes sistematizando isto. De qualquer forma, a gente tem que ficar atento, pois a nossa geração não tem feito direito seu dever de casa, principalmente quando se tratam de valores, limites, felicidade em suas diversas interfaces, principalmente na lógica do custo benefício.

O capitalismo não tem coração. Mas tem a capacidade de "manipular" boa parte dos que têm, especialmente na afetividade. A solidão tem sido como que um corolário disto e, contraditoriamente, continuamos vendo multidões de pessoas cercadas de solitários por todos os lados.

Neste sentido, não se pode ignorar que a lógica da formação familiar é fundamental para a estruturação de valores sólidos. Por outro lado, a escola se complemente nessa versão, posto que, por dever de ofício, não pode ser isolada da família com as quais nem sempre se entende e vice-versa.

Um estudo rigoroso deste momento da TV brasileira pode ser muito esclarecedor, embora saibamos que não é só no Brasil que esse tipo de programa faz o maior sucesso. Prova disto, é que o atual nosso BBB é importando a preço de ouro primeiro pelo SBesteira, depois pela Globo e outras foram derivando na forma, não o conteúdo.

Na verdade a base de tudo é a exploração capitalista do homem pelo homem, tipo: há a sedução de se ganhar um prêmio de um milhão e quinhentos mil reais. Condição? - Ser selecionado num processo em que milhares de pessoas concorrem. Entra em cena o "Vale Tudo"! Talvez movidos pelo prêmio e pela carência de ser celebridade, então até "vender a mãe", dizer que é gay, sapatão, fingir sem ser e ser sem fingir, tudo vale em nome do dinheiro. Pode até rolar sexo grupal, homem com gay, gay com transformista. Puta posa de santa e algumas "santas" viram putas sob os aplausos da santa família cristã abençoada pelas igrejas... O que nos "intriga" nessa proposta é que boa parte dos telespectadores acredita nos papéis assumidos pelos participantes... Telefonam mesmo para ver o que se passa na casa fora do programa e pagam pelo valor da ligação, pois não há nada de graça, exceto aquela (GRAÇA) que a emissora faz RINDO DE TODOS, quando suas contas polpudas sobem no mesmo diapasão da audiência.

Paciência é o que espero. Esperança é o que não perco, pois um dia a gente terá uma humanidade focada na solidariedade, no amor e na caridade...