A GLOBALIZAÇÃO PELO RESPEITO

É preciso que o ser humano deixe de lado a pretensão de reger os gostos, as vaidades e ambições do próximo, tendo a si próprio como base ou matriz. Como nem todos torcem pelo mesmo time, são filiados ao mesmo partido político ou sequer torcem e se filiam, nem todas as vaidades e ambições têm que ser iguais. É sensato entendermos que a roupa surrada de alguém pode ser a sua preferida, mesmo que ele tenha roupas muito melhores ou condições para tê-las. Muitos estabelecem modas próprias, que não foram influenciadas pela mídia e devem ser respeitadas, mesmo que não seguidas. A cafonice dos meus conceitos pode ser sua moda, e vice-versa.

Sobre ambição, quem foi que disse que ela só está focada em obter cada vez mais posses, poder e fama ou na superação cotidiana do outro? Se muitos perseguem sonhos de grandeza, já outros sonham com vidas simples, a paz do anonimato, o sossego de uma casa modesta no campo. Enquanto alguns se dedicam a ganhar medalhas, ser campeões, governar cidades ou países, tantos outros dão a vida por uma rotina longe dos holofotes, dos gabinetes e os projetos sofisticados em qualquer área. E tudo isso é ambição. Não há ninguém acomodado em nenhum desses contextos, porque até mesmo a acomodação é um projeto ambicioso de quem decidiu, por exemplo, viver bem mais para os filhos e para si próprio. Portanto, quem optou pela sofisticação, o luxo, as conquistas materiais, não é mais ambicioso. Também não é melhor ou pior.

Acho que o respeito, sim, esse deveria reger o ser humano. Se todo o mundo se respeitasse, não haveria preconceito contra escolhas pessoais, estilos de vida, filosofias, crenças, orientações... E sendo assim, os espaços respeitados resultariam igualdade. A igualdade resultaria o não preconceito. O não preconceito se estenderia para todas as áreas das relações humanas, fazendo com que o mundo fosse de fato globalizado não apenas em seus aspectos socioeconômicos, o que já não é fato, mas como lar de todos nós. A humanidade seria uma família e todos participariam dos sonhos, dos gostos, das vaidades, ambições e conquistas um do outro.

Ambição desmedida, esta... Vaidade acima de qualquer expectativa... Mas isto, porque chegamos a este ponto. Porque temos preguiça de começar de novo, a partir de nossas casas, nossas relações de amizade ou trabalho... Nossos afetos. Achamos que o mundo se compõe de fora para dentro, quando na verdade começa dentro de nós, passa pelo seio dos nossos e aí sim: Fica pronto para o que nós, pela ignorância entendemos por mundo, com a velha mentalidade materialista, mercadológica e competitiva que nos impõe cabresto.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 20/07/2011
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