VERSOS PARA CHEGAR À POESIA

“DE TRENS E TRILHOS

Helena da Rosa

Chegadas, partidas

Idênticas esperas

nas gares do mundo.

Lenços ao vento,

acenos de esperanças

nas curvas da estrada.

Olhares perdidos,

olhos fechados

guardando fotos cerebrais

- derradeiras imagens -

Trilhos infindos

Extremidades da vida,

Choram saudades.”

29.07.2011.

Enviado por Helena da Rosa em 29/07/2011

Reeditado em 09/08/2011

Código do texto: T3125950

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/3125950

Helena, estimada poeta! Um texto seco, enxuto, bem aos padrões da arte da contemporaneidade. Observa-se, de pronto, que houve certo trabalho com a forma textual, talvez um pouco de transpiração sobre o primeiro momento de criatividade verbal. Deduzo pelos visíveis aportes de forma e o registro da reedição do texto onze dias após a primeira publicação, consoante as informações ao pé do texto. Não é coisa de mero diletante que se embasbaca com o susto inicial da criação e fica babando em cima... Uma síntese deveras interessante que pretendeu ir além da palavra. Nota-se um certo compromisso com a Poética que transparece no poema. No entanto, há alguns adjetivos mal postos, mal acabados como "cerebrais". Qual a foto que, ao final, exclui-se da impressão que fica cerebrinando? Não é esse o destino dos retratos? A remembrança? Claro que entendo que tentaste a metáfora de reforço... Complementos e expressões batidas vêm aparecendo em vários de teus textos, como "do mundo" e "da vida", "saudades" (no plural), o que torna lugar comum àquilo que - como peça de poeta de quilate - esperar-se-ia a criação de novos elementos verbais. Aqui, pela falta de ritmo interno, por falta de assonâncias e aliterações, o conjunto da peça fica prejudicado ritmicamente. Insisto que busques a inserção das METÁFORAS. Sem elas, não há como se coroar o texto com a indumentária de festa da palavra para chegar ao sentido CONOTATIVO. Se eu não apostasse tanto no teu talento pessoal, também em retribuição às longas horas de estudo que temos feito, não seria tão exigente com a tua poética. O título da obra está supimpa, um raro achado... Esta peça, por fim, apesar de lavrada em versos, não vai além de uma obra pejada de PROSA POÉTICA, mas que não atinge o formal poético da contemporaneidade para chegar ao POEMA. Há que se dar mais a essa busca...

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3207681