AS MÁSCARAS.

 

 

Um pequeno ensaio compactado.

 

 

 

 

Não sei por que tenho que me preocupar ou querer entender o comportamento humano?

Ecce Homo! Como alguém se torna o que é. Friedrich Nietzsche já se preocupava com o comportamento humano, coitado, muitas vezes chegou às raias da loucura, da santidade e da sapiência.

Não sou um Nietzsche, mas muito tenho me perguntado sobre as personalidades que são forjadas durante a vida, e se elas já estão inconscientemente predispostas ou natas, prontas para se evidenciarem durante o processo vivencial.

Realmente não sei, pois não existe uma personalidade humana igual, todas são diferenciadas, isto quer dizer que nós somos únicos.

É porque somos todos diferenciados?

O ser humano é um intrincado complexo de emoções ou arquétipos que, muitas das vezes, a criatura assombra o próprio Criador.

Eis aí o grande mistério!

Diz a Doutora Sonia R. Lyra – CRP 08/0745 - que o inconsciente é a mãe criadora do consciente.

A partir do inconsciente é que se desenvolve a consciência.

Há dois caminhos pelos quais surge a consciência.

O primeiro é o momento de uma forte tensão emocional, e o segundo caminho é um estado contemplativo, no qual as representações se movimentam como as imagens oníricas.

A Doutora Sonia tem toda razão, somente ela faltou dizer e explicar porque o nosso inconsciente já vem programado com algumas informações psíquicas (arquétipos), pois não nascemos com o inconsciente feito uma tabula rasa, totalmente em branco.

 

Aqui não seria o caso de se perguntar se esta transferência arquetípica, não seria feita através de uma memória genética, ou melhor, pela hereditariedade?

Quero crer que esse processo é milenar, e vem acumulando informações psíquicas desde o homem paleolítico até ao homem quântico dos nossos dias.

 

A voz do povo é a voz de Deus, aqui convém mencionar alguns ditos populares que nos dão uma idéia dessa memória genética.

Senão vejamos:

- A fruta nunca cai longe do pé.

- Quem não puxa aos seus degenera.

- Filho de peixe peixinho é.

O povo sabe, só não sabe se expressar cientificamente.

Eu sei que existem conceitos e opiniões muito mais abalizadas do que a minha mera preocupação, mas também sei que existem muitas formas de pensar a respeito das infinitas personalidades.

O Dr. Sigmund Freud e o Dr. Carl Gustav Jung, nos primórdios da psicanálise já divergiam.

 Inclusive, a divergência científica a respeito da psique humana, por falta de traquejo acadêmico separou esses dois gigantes que, se fossem um pouco mais humildes muito teriam contribuído com a humanidade.

E como nenhum dos dois tinha a última palavra a respeito do assunto, deram asas a outros psicólogos e psicanalistas para criarem as várias correntes de pensamento sobre a psique humana e sobre a psicanálise.

Não vou tratar delas, pois esse não é o enfoque que pretendo dar, o que quero realmente é comentar certos comportamentos, pois essa práxis humana está intimamente ligada à personalidade.

E como esses comportamentos nos decepcionam!

Temos de entender que os comportamentos estranhos ou não compreensíveis de certas pessoas, estão intimamente ligados à feitura da personalidade.

Diz-se que para a gente enfrentar certas ocasiões na vida, tem-se que obrigatoriamente usar certa máscara, quando se fizer necessário, mas que seja de forma emergencial e provisória.

O problema está nas pessoas que esquecem de tirar a máscara, aí elas passam a representar e esconder as suas personalidades, aquelas que eram de caráter original.

Isso é doentio, porque se trata de um desvio da personalidade.

Esse é o perigo!

Agora me lembrei de uma coisa, normalmente, as pessoas não escolhem um caminho para vivenciar a sua personalidade.

 Elas são perigosamente influenciadas pela convenção, e acham esse caminho o mais fácil, o mais aceitável, o mais conveniente, o que cria menos transtornos e que nos faz mais “bem vistos”, ou melhor, mais “bem acomodados”.

Urge que se escute a consciência.

Infelizmente, a grande maioria das pessoas está engessada ou aprisionada nas grades da convenção.

Não podemos nos transformar em ovelhas submissas às convenções, sejam elas quais forem, sejam políticas, morais, sociais, filosóficas ou religiosas.

O fato é seguinte, muitas das personalidades, diria até que é a maioria, infelizmente é formada por uma educação tortuosa, pois diz o ditado que o bom exemplo é difícil de ser emulado, mas em contrapartida o mau exemplo arrasta com uma facilidade incrível.

Não é necessário ser uma personalidade, é sadio ter uma personalidade eticamente aceitável, somente assim, poderemos forjar novas personalidades.

Eu acho que tergiversei um pouco sobre esse componente que, naturalmente é forjado pelo inconsciente, que na maioria das vezes se processa sem o completo conhecimento do consciente.

Como disse o Dr. Carl G. Jung: “Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira e torna-se acontecimento”.

Agora eu quero dizer o seguinte:

Eu fiz todo este preâmbulo, consultando os especialistas da área, evidentemente, eu não sou um psicólogo ou psicanalista, mas agora entendi o porquê da personalidade de certas pessoas.

Cada vez mais eu fico convencido de que, em todo homem está gravado no inconsciente o arquétipo de lobo, haja vista, ser o homem um animal predador, autoritário, déspota, egoísta e ególatra.

Também fico convencido de que, em cada mulher existe uma serpente dormida em seu inconsciente, haja vista, ser a serpente sedutora, ardilosa, encenadora, calculista e dissimulada.

Não sei se me fiz entender, mas que gostei de escrever isso, isso eu garanto que gostei.

A minha personalidade é uma história que se realizou no meu inconsciente.

Agere Sequitur Esse: O agir segue o ser ou, o ser segue o agir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 10/01/2007
Reeditado em 12/01/2007
Código do texto: T342679