CARRETEL DE AMOR E MORTE

“INSÔNIA

Patrulhamentos dentro da noite

Lanternas minúsculas saltitam no breu invasor

Grilos ensaiam seus cricris em sintonia

...junto à vidraça aquele rosto tudo observa sem muito compreender.

Lígia Antunes Leivas.”

Enviado por lilu em 26/05/2012.

Código do texto: T3688922.

http://www.recantodasletras.com.br/pensamentos/3688922

Chego-me à peça pedindo escusas, de pronto, para divergir da classificação do texto como um exemplar de “pensamento”. Aqui aflora um poema de linda dimensão humana, segundo a classificação do Recanto das Letras, um espécime adentrável à modalidade “poesia<pensamento”, talvez... Com o mistério tipicamente pessoano "das coisas por dentro e por fora"... Relembras aquele “rosto sombra-silhueta” à janela, expectante? A tal silhueta sempre sabe por que razão está ali, pois é de sua natureza a missão de observar a mim, a ti e aos que fazem entrega de sua intimidade ao pensar. É o olhar de soslaio de quem espreita o mistério de estar vivo, cuspindo a hipótese do carretel de amor e morte. A noite é companheira de todos os sintomas – corpóreos e incorpóreos – porque é nela que se dá a solidão mais profana mergulhada nos silêncios abissais. Porém, ai, doi feito um espinho no pé essa tal de indesejada insônia... Cumprimentos pela codificação textual, de onde e por onde antevejo a Poesia, com sua melancólica imagética de alguns nadas mergulhados no turbilhão que somos. E ela me propõe tratos à bola, arrastando o mistério do limiar do after day, que se torna cada vez mais distante, pelo torvelinho de pensamentos na cachola e as agonias de passado, presente e futuro. Porém, aqui – materializado – avulta o requinte misterioso e redivivo das coisas justapostas sobre nós e das condenações ao pensar: o POEMA rumoroso de silêncios. Ritmado em sua tralha de abraços, beijos e misérias de todo o tempo...

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/12.

http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3724858