Tempo Humano
                                      
1. 'TEMPO A PARTIR DO PENSAMENTO GREGO ATÉ OS MODERNOS'

      — Gregos-Aristóteles
      — Santo Agostinho
      — Descartes e Spinoza
      — Loche e Leibniz
      — Kant
      — Hegel,
      — Bergson (Contemporâneo)
      
2. 'O TEMPO E O TEMPO DO HOMEM'

       — O Tempo para o homem comum
       — Dá-se o mundo  enquanto o Dasein se temporaliza
       — Dasei e seu privilégio
       — ....Que se temporaliza
       — Temporalidade mundana e intramundana

2. "HISTÓRIA/HISTORICIDADE/CONSCiÊNCIA HISTÓRICA'

        — A Significação do mundo depende dos projetos históricos do homem.
         — Consciência histórica do mundo depende dos projetos históricos do homem;
         — Consciência Histórica em Marx e Hegel
         — Consciência Histórica em Heidegger

3. Terapia Filosófica  — O que isso ?
     "A clínica filosófica é um  trabalho singular, que aborda as questões de modo organizado, sistemático, profundo, considerando os problemas a partir de seus conceitos. Cada situação é pensada de modo especial, estudando as formas de vida construídas pela pessoa e as possibilidades existentes para encontrar ou construir novos caminhos" 
 
4. CONCLUSÃO.
          

1. "TEMPO A PARTIR DO PENSAMENTO GREGO ATÉ OS ROMANOS"
 
  A Cosmologia Grega vai nos apresentar a ideia de um um "TEMPO NATURAL"
  Em Aristóteles, vamos enontrar a "presença" de um logos imanente no Cosmos. Ele lhe confere a ETERNIDADE de um movimento inteligível, e sua história é assim, uma história que repete o CICLO das esferas supra-humana e das gerações infra-humanas.
   É uma ideia de TEMPO CLÁSSICO, que será mostrada também como centrada no eterno RETÔRNO, que foi e continua sendo argumento de muitos para ir contra a ideia grega de tempo, se comparada com a visão moderna. Entretanto, o espírito grego lutou muito contra esta monotonia do Eterno retôrno. E, quando os Estóicos assumem esta doutrina nos seus fundamenos, eles a transmutam num princípio de otimismo e de concreto empenho histórico.
  Caminhando com a história da filosofia, com o surgimento do Cristinianismo, e principalmente em Santo Agostinho, o tempo considerado como um tempo "cristão" dirigido à escatologia. Santo Agosinho atribui qualidades opostas ao Tempo: primeiramene é, por assim dizer, Extensio, e quando se intensifica a ponto de se tornar um "sofrimento" para o espírito, Distensio. Segundo esta dimensão o espírito se estende no passado e no futuro: ele se dissipa.pode mesmo escapar a si mesmo à força de se estender ou concentrar.
    Mas há ainda outra dimensão do tempo em Santo Agostinho, dimensão esta vertical, e no qual o espírito se concentra: é a dimensão da Atentio, e quando esta é intensa, Intensio.
   Enfim, Santo Agostinho mostrará que nossa vida psicológica é consituída também por este movimento TEMPO. E sua concepção realiza a síntese entre as exigências da interioridade e da comunidade eclesial no seu crescimento para construção da história.
       De Santo Agostinho, damos um "pulo" para a época moderna.:
  Iniciando o processo de dissolução do Cosmos "Antigo", que dominou a visão medieval escolástica, delineia-se sempre mais nitidamente a tradução TEMPO em novas apresentações, de acôrdo com a característica antropológica da cultura moderna. 
  "Em Descartes e Spinoza o tempo vai realizar como diferente "NITIDAMENTO DA DURAÇÃO", como MODO DE PENSAR ESTA DURAÇÃO, e somente esta possui efetiva realidade. Aqui, embora se considere o tempo um "ens rationis", todavia se afirma dele ainda claramente um fundamento na realidade, ou mais exatamente, um fundamento Cosmológico.
   Sucessivamente, com Looche, Leibtniz se atribui ao tempo um sifinificado mais psicológico, mais relativo a nossa experiência; e tanto um como outro não dissociam a explicação da ideia de eternidade da de Tempo, enquanto aquela se forma pela indefinida "junção" de momentos do tempo" (Enciclopedia Filosofica - Centro di Studi Filosofici di Gallarate)
       Com Kant, passa-se de uma interpretação psicológica do tempo para uma interpretação gnoseológica. Na "Estética Transcendental", Kant trata do espaço e do TEMPO como "Formas a Priori" de nossa Intuição Sensível". O que ele pretende neste ponto de seu pensamento é isolar a sensibilidade como tal, e separar tudo o que o entendimento pensa, a esse respeito, mediante os seus conceitos, para não restar mais que INTUIÇÃO EMPÍRICA. Mas quer também "separar disso tudo o que pertence à sensação, a fim de não ficar nada mais senão a intuição pura do fenômeno, pois é só isso que a sensibilidade a priori pode fornecer". Estas formas puras dos fenômenos são as duas formas intuitivas A PRIORI DO ESPAÇO E DO TEMPO;  São as primeiras FORMAS FUNDAMENTAIS ORDENADAS DO ESPÍRITO, que encontra a matéria bruta da sensação ou afecções sensíveis,  e que devem transformá-la em conhecimentos possíveis, isto é, percepções sensíveis.
      Além disso, compara a intuição do espaço e do tempo, e mostra que este último é anterior ao primeiro. O espaço é a condição da percepção externa; o tempo, a da interna. E a externa está subordinada à interna. O TEMPO CONSTITUI ABSOLUTAMENTE A FORMA DE INTUIÇÃO DE TODOS OS FENÕMENOS; é, pois, para Kant, mais profundo. Desempenha o seu papel na doutrina das categorias, e por aqui se pode entender porque é considerado de importância capital no existencialismo de nosso século.
     A "Enciclopedia da Ciêncica Filosófica" é a obra de Hegel, onde fomos buscar a doutrina sobre o tempo. Dela transcrevemos um trecho e três parágrafos apenas, 257,258,259, páginas 217,218,219, da tradução italiana:
      " 257 – A negatividade que se refere como ponto ao espaço e nele desenvolve as suas determinações como linha e superfície, na esfera da exterioridade, outrossim, POR SI, e põe lá dentro, neste ser por si da negatividade; e aí aparece como indiferente para  a justaposição imóvel. A negatividade assim posta é o TEMPO,
   258 – O Tempo, unidade negativa da exterioridade é algo Simplesmente abstrato e ideal. O Tempo é o ser que, enquanto é, não é, e enquanto não é, é; o Devir intuído. Isto quer dizer que as diferenças simplesmente momentâneas, ou seja, que se neguem imediatamente, são determinadas como diferenças extrínsecas, isto é,, externas a si mesmas.   
   259 – As dimensões do Tempo, o PRESENE, o  FUTURO e o PASSADO são o devir como tal da EXTERIORIDADE, e a resolução daquele devir nas diferenças do ser, de um lado, que é passagem para o nada, e de outro lado, do nada que é passagem para o ser. O desaparecimento imediato destas diferenças individualidades presente, como o AGORA (este instante), Este agora, sendo como a individualidade ao mesmo tempo exclusivo e inteiramene contínuo nos outros momentos, não é  senão esta passagem do seu ser em nada e do nada em seu ser". 
      Voltaremos ao pensamento de Hegel, quando ao falar de História fizermos a apresentação de seu conceito de consciência histórica, ao lado e comparado com Marx. Por ora, queremos apresentar também o que Bergson, já contemporâneo, nos diz sobre o Tempo:
     Em "L´Evolution Créatrice", no capútulo "La durée", aqui resumido, encontramos trechos que nos ajudam a entender esta concepção do tempo:
    "Não há estôfo mais resisitente nem mais substancial que a nossa duração. E ela não é um instante que substitui outro instante... A duração é o progressso contínuo do passado que tinge o futuro e que quer avançar... Na realidade, o passsado se conserva automáticamente. O nosso mecanismo cerebral é feito para guardar a quase totalidade no inconsciente, e só introduzir na consciência o que é próprio para esclarecer a situação presente, para ajudar a ação que se propõe. Que somos nós, com efeito, que é nosso caráter, senão a condensação da história que nós vivemos desde o nascimento, sem dúvida também antes dele?... E nossa duração é IRREVERSÍVEL... Nos vários momentos de nossa vida,  dá-se como uma obra de arte. Cada um destes momentos, como as obras de arte, é uma espécie de CRIAÇÃO".
      Temos, pois, aqui em Bergson, a apresentação contraposta ao tempo científico, abstrato. Ele nos mostra a duração real, vista como no "decorrer incessante de nossa vida espiritual. Mas Bergson errou um pouco ao cosiderar como absoluto tal qual cada um vive em si, e que varia de indivíduo para indivíduo, colorindo-se em cada um diversamente; e de desvalorizar o tempo científico como privado de todo conteúdo real. É certo que o tempo científico não corresponde a nada de real se considerado em sua ABSTRAÇÃO; mas não se pode deixar de considerá-lo como coordenador de nossa experiência individual. A duração vista de cada um de nós em seu caráter imediato, é sem dúvida um momento da realidade, mas muito fragmentário, fugaz, incomunicável, se não coordenado com as experiências dos outros. 
     De Aristórteles a Bergson, do tempo cíclico grego ao tempo científico moderno, ou ao tempo bergsoniano, eis alguns traços muito sintéticos e por vezes desconexos, aqui apresentados porque julgamos fundamentais para compreendermos a problemática do Tempo, tal qual apresentam Martin Heidegger, e que julgamos, nas limitadas fronteiras de nosso conhecimento, fundamental e, audaz afimação, completa para os objetivos a que nos propusemos neste empreendimento.
     O que se fala a partir daqui está baseado, pois, em Heidegger. 

2. O TEMPO E O TEMPO DO HOMEM

      O Tempo para o "Homem Comum": A distinção entre o "tempo vulgar" é o "tempo da existência autêntica" é básica em Heidegger, e nos ajuda a partir  do que "o povo pensa antes sobre o tempo".
   O que retém a atenção da concepção vulgar do tempo é Divisão Numérica de um espaço percebido pelo sol, a sombra ou o ponteiro de um relógio.(Tempo de chuva"; "São dez horas"; "falta-me tempo", "o tempo está ruim";"Zero Hora")
     Entretanto, a medida não constutui o tempo, mas é manifestação deste, Sem o "fazer presente" fundamental, esta medida seria ainda impossível de todo. O cálculo do tempo vulgar não é a fonte do mesmo. Mas normalmente se confunde origem com consequência. O tempo "vulgar" nasceu no tempo "medida de movimento", lá de Aristóteles, e durante os séculos se descuidou de se perguntar se não se dá OUTRO TEMPO diferente do que se manifesta na numeração de certo movimento. Algumas aproximações aconteceram, mas não se chegou a isto. Por outro lado, quanto mais absorvida se encontra a existência cotidiana por objetos de sua preocupação, tanto mais se sentirá tentada de encontrar o tempo mesmo NOS OBJETOS,
      A explicação popular do tempo, apresenta-o como nada mais que um fato pré-estabelecido, exterior às coisas, e no qual as coisas se banham. Os "agora" são elevados à dignidade de objetos numeráveis. Alguns formam o passado, e o que se espera que vão surgir formam o Futuro. Estas diversas séries são inesgotáveis em si mesmas, e o seriam para nós, se nos fosse dado assistir à "totalidade do espetáculo", pois chegamos atrasados e devemos sair antes do fim: esta ideia nasce da contemplação diária dos AGORA, e imaginada a sua sucessão como infinda.
   Há entretanto um ponto crucial que a concepção vulgar nunca conseguiria esclarecer, e que pode ser uma pista para se entender o tempo numa pespectiva mais profunda tal como o fez Hendegger: é a IRREVERSIBILIDADE no tempo não foi até hoje explicada pela concepção popular do tempo. Não se sabe porque não poderia representar-se a série de AGORAS alguma vez em ordem oposta.
   Podemos chegar a descobrir um significado para este caráter irreversível do "tempo", se  entendermos mais profundamente o TEMPO DO HOMEM, superando a simples concepção vulgar.

"DÁ-SE UM MUNDO ENQUANTO O DASEIN SE TENPORALIZA"
(Sein un Seit - pág. 365)


    Se nos propusermos a apresentar agora a concepção heideggeriana sobre o tempo, temos necessariamente que seguir a frase do Sein und Zeit que está acima:
O DASEIN E SEU PRIVILÉGIO

    "Se nós queremos aprofundar a questão SENTIDO do ser, é preciso sempre se buscar um ente que seja acessível em si mesmo" (De Waelhens - comentando Heidegger). Por sorte, os próprios fatos nos ajudam, visto que só existe um ENTE que tem de fato a capacidade de levar a cabo um tal interrogatório. E este  SOMOS CADA UM DE NÓS MESMOS. (Das wir selbst je sind). Por isso, toda investigação sobre o ser da existência em geral deve sempre acabar por uma ANÁLISE PROFUNDA DA EXISTÊNCIA HUMANA. 
      Este privilégio se torna justificado pela capacidade de reflexão, própria do ser do existente que é chamado em Heidegger de DASEIN (Ser-Aí).
      O Dasein se caracteriza pelo fato de existir, de que é sempre o "meu", porque não pode ser exemplar de uma espécie, e porque se comporta de maneira diferente relativamente ao seu próprio ser. O fundamento deste modo de ser  é o SER-NO-MUNDO. E este mundo é únicamente o modo de existir do DASEIN.
      Há na essência deste Dasein um acabamento constantante. Só a morte representa o fim do Dasein, e ele mesmo é SER-PARA-A-MORTE; ele, dede que  é, ASSUME esta maneira de ser. E esta maneira é a fonte de uma realidade importante na análise do Dasein, a ANGÚSTIA, que vai revelar este ser-para-a-morte do Dasein. Quando o Dasein tem medo de se defrontar com a angústia, refugia-se no "SE" (IMPESSOAL), NUM MODO INAUTÊNTiCO DE SER. A angústia assumidada por sua vez, impede a INAUTENTICIDADE, e cria uma ESCOLHA PELA AUTENTICIDADE. E a existência deste modo autêntica se caracteriza por:
a) aceitar o seu Ser-para-a-morte
b) compreender suas possibilidades que consistem em:
-  ver seu nada
- "reconhecer sua culpabilidade"
 
QUE SE TEMPORALIZA

    O ser da existência deve ser entendido não como  uma coisa que "é", mas como um PROCESSO DE TEMPORALIZAÇÃO?

" Vejo meu futuro em meu passado, 
Eu me dou conta do meu presente
chego a sua visão exata, eu me 
faço presente".

     Na anállse do Dasein, Heidegger aorescenta o que ele chama de "CUIDADO' como modo próprio do mesmo Dasein existir, como SER-POR-ANTECIPAÇÃO, ser ante os entes que lhe saem ao encontro. Este CUIDADO tem três momentos: DERRILIÇÃO, ANTECIPAÇÃO e QUEDA..
   Pois bem, a Temporalidade é o SENTIDO deste cuidado. A antecipação, fundamental no cuidado, só é possível pela ESTRUTURA TEMPORAL DO DASEIN, que é capaz de dirigir-se para possibilidades, referir a.
      Nesta capacidade de "referir-se a" (FUTURO) é importante observar que o PORVIR não é um certo agora que não é entretanto realmente, mas que será em seguida; não, o futuro se engendra pela ação mesma de referir-se a, dirigir-se para, ELE É ESTA AÇÃO MESMA. E este porvir é autêntico quando o Dasein se dirige para a morte. 
      Mas o Dasein só pode voltar-se para o futuro quando consente em voltar-se para o seu PASSADO.
       Mas pode parecer que esta existência nos arranca da vida ativa. Não. Antecipando-se em seu passado, a existência autêntica faz presente na situação.
  Assim A UNIÃO DOS TRÊS ELEMENTOS DO CUIDADO CORRESPONDE AOS TRÊS  ELEMENTOS DO TEMPO.
      Só assim chegamos a uma concepção do tempo que esteja livre de entender um Dasein no Tempo, para entender um Dasein que é enquanto se temporaliza:
    Heidegger dá o nome de Êxtase aos três momentos do tempo. O tempo se temporaliza na unidade destes três extases, E isto a concepção ordinária ignora. Eles são representados como sucessivos e homogêneos, partes semelhantes, niveladas, sem começo nem fim.
   Este TEMPO de Heidegger só existe nesta unidade de momentos. Tem, pois, a forma de pura exterioridade. Ele é exteriorizando-se. 
   A afirmação do ser-no-mundo em Heidegger equivale a um reconhecimento da Exterioridade. Mas esta  em seu estado original e puro é o TEMPO. Por isto, ele constitui ESTRiTALMENTE a exterioridade, pede que o Dasein possa existir com "!DA) (Aí), quer dizer, como prêso a um "não é". Porque é temporal, o Dasein não é pura presença de si para si mesmo, mas um ser que está sempre "lançando para" e adiantando-se a si mesmo. A temporalidade é um horizonte. A unicidade dos êxtases forma um todo UNIFICADO e um horizonte. A aparêncica de três êxtases unidos para um TODO é que faz a ESSÊNCIA da TEMPORALIDADE. 
      É o tempo, que constitui a substância mesma do homem, que lhe permite ser numa exterioridade a que chamamos MUNDO. "E dá-se um mundo enquanto Dasein se temporaliza". O mundo pertence ao Dasein em virtude do caráter temporal do seu ser. QUANDO DEIXAR DE HAVER HOMENS EXISTENTES, DEIXARÁ DE EXISTIR O MUNDO.

                  TEMPORALIDADE MUNDANA E INTRAMUNDANA

    Esta temporalidade não se confunde, entretanto, com a concepção vulgar, que já apresentamos. Mas ela registra e utiliza também uma certa forma de tempo INTRAMUNDANO.
Exemplo: 
"Há tempo para fazer este trabalho"
"É tempo de muito vento"
"Olhar as horas num relógio"
"Consultar o calendário"

      Todas as ações humanas podem ser DATADAS. E entre estas datas, que são também indicadas nas frases acima, o AGORA goza de um privilégio. É em relação a ele que se anuncia um antes e um depois. 
     Este agora é criado por uma "Preocupação"; é ela que se põe em presença de um objeto, e toda data enunciada corresponde à afirmação da presença de um objeto. E aqui há, pois, uma temporalidade ligada à presença de objetos e completamente EXTENSA, o contrário da Temporalidade autêntica.
     Observemos ainda que as necessidades da existência em comum mostram que é preciso que exista um TEMPO PÚBLICO, que tem sua fonte em presenças acessíveis a todos: o amanhecer e o ocaso, as posições do sol, e daí o uso do relógio; este tempo Público nos dá um "momento para cada uma de nossas atividades" ("há um tempo para cada coisa")
     É o verdadeiro tempo mundano, pois o mundo é a central de referência de todos os objetos. É também um dos modos da temporalidade do Dasein.
     

       3. HISTÓRIA/HISTORICIDADE/CONSCIÊNCIA HISTÓRICA

   Normalmente, segundo o conceito vulgar, costuma-se legitimar o chamar 'HISTÓRICA' a alguma realidade, pela sua "Importância". Mas há uma expressão que pode nos ajudar a entender a história numa perspectiva mais ampla e profunda: "A História da Humanidade" -– e ela nos ajuda a perceber o nosso êrro, e nos indica que o mais ínfimo evento é HISTÓRICO.
    Isto quando tratamos do ser humano. O homem é que pode ser chamado primariamente histórico. Só em relação a um personagem humano se dá a historicidade, pois só a existência humana é capaz de ligar, unificar a sua extensão, ser inteiramente um ser, ESTE SER. Só um ser assim pode ser HISTÓRICO. O mundo e seus objetos, como meios para a ação humana, levam a marca do próprio homem, e só por isso podem ser chamados HISTÓRICOS. 
  Em sua "história", o homem aos poucos foi desenvolvendo uma  CONSCIÊNCIA deste seu ser mesmo histórico. E é sobretudo nos tempos modernos que vamos encontrar a emergência desta CONSCIÊNCIA histórica. 

       A Significação do Mundo Depende dos Projetos Históricos
                       (A Consciêncica histórica nos tempos modernos)

     Este tipo de CONSCIÊNCIA que emerge nos tempos modernos se acha ligada à descoberta da SUBJETIVIDADE como oposta à EXTERIORIDADE DO MUNDO.
     A História descrição, ao revelar a História Realidade, revela a própria HISTORICIDADE DA CONSCIÊNCIA. E é esta historicidade que permite a projeção de um sentido histórico ou de uma inteligibilidade histórica da experIência temporal.
     A consciência histórica assim apresentada, que aparece nos tempos modernos apresenta algumas características típicas:
   Inicialmente, ele assume desde o início a forma de uma Filosofia da História.
    Depois, ela é a consequência da descoberta Experimental que se faz do Tempo Histórico.
   Quando o Cosmos antigo começa a se dissolver, cada vez mais se delineará a tradução da natureza em termos de História, do tempo em têrmos de Evolução, "no universo de um homem que é CRIADOR DO UNIVERSO CIENTÍFICO".
 
CONSCIÊNCIA HISTÓRICA SOBRETUDO EM:

        Hegel e Marx – Para estes dois, o problema da consciência histórica se inscreve na amplitude marcada pelos termos extremos da consciência e do mundo. Aqui, entretanto, a consciência é o movimento concreto do próprio-auto-conhecimento, e o mundo é o correlato dialético da consciência. 
     Para Hegel, o "espírito é do absoluto originante" e a história se entende como sua exteriorização. Para Marx, o Absoluto é a História, e a consciência é o seu resultado, o critério de sua onda. 
        Por isso em Hegel a consciência histórica ou a REFLEXÃO SOBRE A HISTÓRIA é a compreensão do Passado e mesmo sua eternização, na claridade do presente do Espírito que nele se reconhece. Ela é JUSTIFICAÇÃO DA HISTÓRIA VIVIDA. Em Marx a Consciência histórica é INTERPRETAÇÃO DAS CONTRADIÇÕES DO PASSADO, mas em vista da transformação do presente pela praxis revolucionária e da criação do futuro. (Padre Henrique Cláudio de Lima Vaz - Ontologia e História).
      Em Heidegger, do qual já falamos, a historicidade apresenta-se de uma parte como superação do relativismo historicista que  tomou conta de muitos, e prolonga, de outra parte, o esfôrço que procura conduzir a reflexão para além do naturalismo positivista, mas exlui, entretanto, com energia, o retornar à problemática hegeliana do "desenvolvimento" do espírito. 
        
          3. FILOSOFIA CLÍNICA – O QUE ISSO?

         E Filosofia Clínca, qual a sua relação com o aqui relatado?
    "O consultório filosófico é uma prática que procura, através da atvidadede reflexiva, ajudar as pessoas nos seus problemas do dia a dia. A maioria de nós busca harmonia, equilíbrio emocional, bem estar físico e mental. A vontade de viver uma vida sem tropeços está no íntimo de cada ser humano. O diálogo com filósofo clínico pde ser uma preciosa ajuda na busca desse equilíbrio, desse viver com inteliência emocial e saber como superar os problems do cotidiano. O consultório filosófico consiste numa ferramenta a mais, uma nova alternativa às terapias convencionais. É uma terapia de curta duração. focada na vivência da pessoa que leva em conta não só sua história de vida e sua singularidade, mas também o contexto onde vive. O filósofo clínico pode trazer a quem desejar os pilares para o desenvolvimento de seu autoconhecimento, e pontos  de apoio que permite a cada um de nós passar pelas adversidades da vida com mais tranquilidade e abertura de espírito"

                                              CONCLUSÃO                                                       
 

    De tudo aquilo que apresentamos, podemos perceber que, do "numerus notus secundum prius et posterius" e do tempo cíclico dos gregos, passando pela visão da história e do tempo numa perspectiva cristã, em Santo Agostinho, e chegando aos modernos como Descartes, Spinoza, Kant e sobretudo Hegel, para desenbocar em Heidegger, no desabrochar do existencialismo contemporâneo, caminhamos numa perpectiva só:
       DO TEMPO INDEPENDENTE DO HOMEM AO TEMPO HUMANO, do qual o mundo e as coisas dependem. E Heidegger consegue fazer isto muito bem. Por isso a nossa caminhada progressiva até chegar neste existencialista. Alguns outros poderiam ser mais valorizados, mas não o foram porque foram citados e mostrados aqui para que ao compararmos pudéssemos chegar a estas afirmações básicas sobre o  O TEMPO DO HOMEM.
     
A consciência históricca de nosso tempo é consequência normal e obrigatória da descoberta do TEMPO nesta visão.
       Assim, nossos objetivos despretensiosos foram vencidos:
 –  Entender o Tempo como Realidade Profunda e exclusivamente Humana.
  – Ou mostrar que "Dá-se o mundo pela Temporalidade do Homem".

                                           Bibliografia:

– Astrada, Carlos  - "El Juego Metafisico", Lib. El Ateneo, Editora Buenos          Aires  - 1942
– Bergson, Henri - "L´´Evolution Créaticem - PUF - 1948
– "Enciclopedia Filosofica" - Centro de Studi Filosofici de Galante.
– Guiton, Jean - "Justification de Temps" - PUF - 1966
– Hegel. G.C.F. - "Enciclopedia delle Scienze Filosofiche" - Bari-Gius -                Laterza e Figli - 1951
– Hirschberger, Joahannes - "História da Filosofia Moderna - Herder -    São      Paulo - 1967
– De Waekhens, A - "La Filosofia de Martin Heidegger" - Segunda Edição –      Madrid - 1970
– Vaz, Henrique Cláudio de Lima - "Ontologia e História" - Col. Quetões        Abertas - Livraria Duas Cidades - São Paulo - 1968
 – Magalhães, Marta Clausse, in Jornal Cultural, Conhe-te a a ti mesmo,       pág. 19, 
  – Aiub, Monica , filófica clínica, presidente da ANFIC – Associação                  Nacional de Filósofos Clínicos, fundou e dirige o Insituto Interseção –         Instituto de Filosofia Clínica de São Paulo. Autora de livros e artigos            sobre Filosofia Clínica e Filosofia da Mente.
  – Di Paulo, Margarida Nichele, e Niederauer Mariza - Compêncio de                  Filosofia Clínica, Ed. Livre Expressão, São Paulo/ Rio de Janeiro, 2013.

                                      Roberto Gonçalves                     
    
RG
Enviado por RG em 03/10/2013
Reeditado em 20/12/2015
Código do texto: T4509638
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