O "sentir" e o "ser":

 

Ódio e amor sublime; depressão e êxtase; repulsa e devoção. Todos, sentimentos opostos, mas que apenas se diferenciam pela frequência da vibração energética com que se manifestam num mesmo e único plano: o emocional.

 

O espírito está presente no ser humano, tanto como manifestação criativa do UNO - na organicidade física (corpo) e anímica (mente e emoção) - como em sua essência trina individualizada no homem: a Mente Universal (Manas, Sabedoria), o Amor Universal (Budhi) e a Totalidade do SER - o Poder Absoluto como Vontade Consciente Criativa (Atman)

 

Quando sentimos o Amor sublime, ou quando refletimos profundamente e anunciamos a Sabedoria cósmica, ou ainda, quando exaltamos o Poder criativo - Amor, Sabedoria e Poder Criativo, todos atributos do espírito - ainda assim, estamos manifestando sentimentos e pensamentos, a partir de nossa alma e não do espírito em nós. O êxtase que aflora como um sentimento transcendente nestes momentos é o reflexo no plano emocional do enlace entre a alma e o espírito.

 

Sentir não é ser. Sentir Amor não é ser Amor. O sentir está na alma, o ser está onde reside a fonte da força que impulsiona as ações humanas, ou seja, onde reside o instinto de agir. Se o ser humano é um animal racional, então seu instinto o estimula a sentir e a pensar; se é um santo, então seu instinto o inspira ao Amor sublime; se é um sábio, seu instinto o induz a transitar pela Mente Universal. É o resultado da ação instintiva que se projeta na alma como uma sensação, uma emoção, um sentimento ou um pensamento. 

 

O ser humano é a representação da frequência vibratória em que se manifesta seu instinto, sua força motriz. Quando seu ímpeto o leva em busca do prazer físico ele é a sede deste impulso, o mesmo ocorre quando o afeto e a adoração o arrebatam ou quando a razão o instiga. Portanto, neste sentido, o ser não é permanente; o ser confunde-se com o estar.

 

O instinto não se define apenas como um impulso desorientado do ego. Quando o instinto se ancora no ego, ele está fora da orientação do espírito. Mas quando o instinto reside no espirito ele mesmo, então o instinto é a força inexorável orientada para o Amor a Sabedoria e o Poder criador. 

 

Assim é que ser Amor, Sabedoria e Poder Universais, como atributos cósmicos, é elevar a sede do instinto ao nível do espírito.

 

Quando, o impulso irrefreável de nos doar em serviço - a quem necessite compartilhar de nossas bençãos - prevalece sobre o instinto da busca do prazer e fuga da dor, somos o Amor, mesmo que em nossas vidas o momento seja de tristeza e sofrimento;

 

Quando, o ímpeto convicto de atuar e nos expressar conforme nossas verdades e nossos valores mais profundos prevalece sobre as decisões fáceis e palatáveis, somos a Sabedoria, mesmo que angariando o desagrado de muitos;

 

Quando, a despeito da voz corrente, da crença vigente e da verdade instituída, rompemos com a tradição supérflua e arcaica para, como uma criança não reprimida, dar asas à livre criatividade, somos o Poder Criativo, somos cocriadores, parceiros do próprio Deus.

 

...No entanto, o instinto (anseio inexorável) atuando no nível do espírito somente será íntegro se avançar nas três frentes simultaneamente. A tríade Amor, Sabedoria e Poder Criativo se desvanece na ausência de qualquer um de seus elementos... 

 

Roberto Guelfi
Enviado por Roberto Guelfi em 28/10/2016
Reeditado em 12/06/2023
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