O EMBRUTECIMENTO DAS MASSAS

A forma mais eficaz de embrutecer e alienar as pessoas em uma sociedade é, certamente, torná-las infantilizadas por meio de mecanismos que entorpecem a alma, tais como jogos virtuais, programas televisivos banais (que, por sinal, são poderosas engenharias modeladoras de comportamentos humanos), modismos inconsequentes e propagandas capazes de excitarem o consumo desenfreado.

Além da infantilização, também a insensibilidade generalizada por meio de aparatos de violência, contribui para fomentar a cegueira e a letargia de nossa sociedade altamente competitiva.

Um dos descasos mais frequentes que os homens cometem contra suas próprias vidas é, em vez de refletirem por si mesmos acerca de seus problemas, conflitos e dificuldades, preferem que um especialista diga o que fazer, sem ao menos fazer qualquer esforço para lutarem pelas suas vidas (ou seja, se satisfazem apenas com uma resposta pronta e acabada); ou então, o que é muito comum, decidem seguir um padrão de conduta baseada numa personalidade da mídia, sem meditarem se tal pessoa é digna de servir de inspiração.

A violência tem sido propagada não só pelos meios meios de comunicação de massa e pela mídia, como também pela própria cultura que incentiva a rivalidade entre os homens, fazendo com que a competividade, e não a solidariedade, seja o grande sustentáculo de grande parte das sociedades espalhadas pelo planeta.

Tanto Orwell, quanto Huxley, não fizeram mais do que preverem com suas tenebrosas distopias, o "admirável mundo pós-moderno" em que vivemos, um mundo marcado pela violência, pela exclusão, pela alienação, pelo engano, pelos entretenimentos apelativos, pela idiotização dos seres humanos e pela total ausência de humanidade e de empatia.

Tamanha bestialização conduz os ''seres humanos'' às mais sangrentas guerras, aos genocícios, à aniquilação da natureza, ao niilismo e à morte de toda a vida que povoa o planeta (tal martírio em escala mundial, capaz de sacrificar as mais belas espécies de seres vivos, nos leva a refletir sobre o absurdo de nossas vidas cotidianas e de nossa vida em sociedade...).

Penso que, se estivessem vivos, os cultores do pessimismo e do absurdo (Orwell, Huxley, Sartre, Camus, Céline e Cioran) certamente produziriam obras-primas mais memoráveis do que fizeram na época das grandes guerras mundias.Pois vivemos numa sociedade onde os indivíduos são medidos muito mais pelo que possuem, sendo mais valorizados pelo seu poder de compra e de consumo, do que pelo que são (o seu caráter, a sua essência e o seu ser quase não são levados em consideração no âmbito de nossa sociedade hedonista e imediatista).

A corrupção de uma sociedade como a do Brasil cresce na mesma medida da ignorância generalizada do seu povo; e quanto mais o povo se corrompe pelo engano, mais se proliferam os vírus da violência, do suborno e dos inúmeros partidos sem escrúpulos.

O que mais querem os homens que estão no poder senão manter seus cidadãos num cativeiro espiritual, moral e intelectual, a fim de impedir qualquer resistência pela via da educação? Nem o comunismo, tampouco o capitalismo (enfim, nenhuma ideologia política e religiosa que preconizam a violência como maneira de trazer o paraíso à terra), serão capazes de, num futuro distante, trazer a justiça para o mundo, pois infelizmente estão embriagadas por uma sede diabólica de se manter no poder à qualquer custo.

Quanto mais esquecermos de ser homens comprometidos com a nossa sociedade (sendo cidadãos movidos pela consciência da honestidade e da solidariedade com a natureza e com nossos semelhantes), mais daremos direito aos ladrões roubarem- e com grade astúcia, usurparem- o nosso direito a uma educação de qualidade. Vale ressaltar, que quanto maior é a depravação de um povo, e, também, quanto mais o povo neligencia a prática da virtude, da solidariedade e da justiça, tanto maior será a ruína de uma sociedade rumo a destruição completa de tudo o que há de mais digno e valoroso num ser humano.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 16/11/2016
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