O HORIZONTE DAS POSSIBILIDADES

Uma das correntes filosóficas e literárias mais interessantes e ricas, a meu ver, tem sido aquela que enfoca o existir humano em toda a sua a sua amplitude e dimensões. As filosofias da existência, que levam em consideração o cotidiano em que os indivíduos estão lançados, tem especial interesse em estudar o ser humano na sua concretude e profundidade.

Ao abordar a condição humana, os pensadores da existência humana tem um interesse especial em enfatizar os ambientes da sociedade impregnados de luta e sofrimento, ambientes esses que ameaçam a liberdade humana. Através de reflexões como essas, desenvolvem um pensamento voltado para o problema da liberdade, da condição humana e da transcendência.

Os homens, desde que nascem, vivem num contexto impregnado de valores e ideologias; também encontram-se sempre inseridos num mundo rodeado de conflitos ou guerras. Mas, em contrapartida, se deparam com situações inusitadas e magníficas para serem vivenciadas e descobertas, muitas vezes produzindo grandes vislumbramentos, inspirações e boas intuições.

Existir é um mostrar-se constante, é uma das maneiras do ser se revelar no seu mundo circundante. Existir é uma necessidade vital de permanecermos perseverantes e firmes nos caminhos do mundo, um mundo que é marcado pelas dificuldades reinantes, mas também um espaço onde nos movemos sempre em busca de algo que nos dê sentido e, além do mais, que nos preencha contra o vazio em que somos a todo momento lançados.

Somos seres inconcluídos e isso significa que enquanto existirmos estaremos sempre incompletos, ou seja, no sentido de que enquanto existirmos, teremos condições de escolher o que queremos ser, sem que possamos esgotar as possibilidades de ser descortinadas no horizonte de nossa existência. Vivemos, portanto, num processo de vir-a-ser perene durante a vida; vivemos, portanto, as experiências de um fluir constante até o fim de nossa peregrinação. E nesta passagem somos também marcados pelas influências das inconstâncias, dos paradoxos e das incertezas.

Temos, durante o tempo que nos coloca em contato com nossa finitude, a possibilidade de sermos indivíduos mais ricos intelectual, cognitiva e espiritualmente do que fomos outrora, pois a vida dá muitas voltas, e muitas vezes somos surpreendidos pelos imprevistos e pelas oportunidades que surgem em nossos caminhos, independente de serem considerados bons ou ruins, favoráveis ou adversos.

Apesar da vida ser um constituída pelas fatalidades, fatalidades que espreitam a nossa sorte a todo o momento (há situações que não escolhemos: nascemos num determinado lugar, com certas características genéticas e com uma condição social peculiar que muitas vezes revolta grande parte das pessoas), temos a possibilidade de nos movimentar ao ponto de transmutarmos nossa posição no mundo; temos, portanto, a condição de transcender as muralhas que as condições sócio-histórico-culturais nos impõem com mãos de ferro.

Além dessa condição, há possibilidades incríveis que podem nos levar para algum lugar mais favorável e que servem para nos dar um sentido mais elevado para a vida, possibilidades de semear amor, compaixão, solidariedade, cuidado, preocupação e amizade, atitudes de belo teor afetivo e espiritual que, quando estão presentes na vida de um ser humano, fazem muita diferença, podendo inclusive mudar para melhor o curso de outras vidas, especialmente quando são surgem de um contexto repleto de bons exemplos.

Por fim, temos ainda nesse mundo a chance preciosa de nos aproximarmos de Deus através do milagre da fé, uma disposição espiritual que nos eleva acima de nossa frágil condição de seres finitos e, além disso, que nos dá a oportunidade única de vivenciarmos a revelação resplandecente do eterno agindo nas profundezas de nosso ser. Ora, podemos participar da graça do divino, seja através da capacidade de amar que nos engrandece sobremaneira, seja através de nosso apego ao sagrado que nos convida a reverenciarmos o seu mistério, que de tempos em tempos se revela através de sinais.

Somos, em razão de tudo o que foi dito, livres para experimentarmos com o passar do tempo a nossa vida se enriquecer em todos os sentidos possíveis, nos tornando pessoas cada vez melhores e sendo, antes de mais nada, pessoas integralmente fortalecidas e repletas de esperança. Mas, em contrapartida, também somos livres para nos escravizarmos numa lastimável condição de seres existencialmente esvaziados e empobrecidos ao vivermos uma existência imersa na hipocrisia e nas demais formas de degradação moral e espiritual.

Cada indivíduo é um ser livre e ao mesmo tempo determinado, um ser que tem a liberdade de superar a sua condição, como também a liberdade de se deixar levar pelas circunstâncias da vida.O ser humano é um ente que não se define enquanto não completar sua jornada de vida, pode ser desde um ente que se construiu com grande capacidade de revolucionar o mundo através de obras e atitudes magníficas, fazendo grande diferença onde quer que esteja; ou, então, um ente com uma capacidade perversa de destruição sem precedentes.

Podemos, cada um de nós, corromper o nosso ser com tanto ódio, maldade o rancor, de tal maneira que podemos perder a capacidade de conhecermos o amor de Deus. Mas quando somos movidos pelo resplendor de sua luz, não só conseguimos superar qualquer tribulação e calúnia, como também teremos a chance de pairarmos acima de nossa mísera condição, vivendo entregues ao cuidado do verdadeiro amor que nunca morrerá!

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 01/12/2016
Reeditado em 22/04/2020
Código do texto: T5840310
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