AUGUSTO DOS ANJOS – O POETA DA MORTE

Antes de eu ler o poeta Augusto dos Anjos, eu havia lido o poeta português Joaquim Cesário Verde e senti algo muito parecido com a poesia de Raimundo da Mota Correia, o autor de As Pombas, um dos melhores sonetos da língua portuguesa. Depois de eu ler Camões, Sá de Miranda e muitos outros poetas lusitanos, voltei a ler o Poeta da Morte, o sonetista do Pau D’arco, o mais autêntico poeta da língua portuguesa, e um gênio no verso puro e na poesia rica. Augusto dos Anjos fez verso e fez também poesia pura. A maneira de Augusto fazer versos foi bastante estranha para a época que cultivava o parnasianismo formal e detestava o realismo puro, como mostra Lima Barreto em a República das Bruzundangas e em outros livros seus. O Poeta da Morte fez parte da Semana de Arte Moderna, ao lado de Euclides da Cunha, Graça Aranha e, sobretudo, o famoso Lima Barreto, que era também excluído do cenário artístico e literário do nosso Brasil. O Poeta do Pau D’arco me deu uma lição correta para eu fazer versos e mormente o soneto. O Eu e Outras Poesias me deixava impressionado pela verdade pura e a forma técnica quando eu lia qualquer soneto ou poema narrado pelo poeta paraibano nascido em 1884, morrendo apenas com vinte e nove anos de idade e deixando apenas um único livro, eu lamentava a morte precoce desse gênio. Eu e Outras Poesias é um livro triste mas autêntico em tudo. Eu descobri o Poeta da Morte através de um amigo que lia diuturnamente o Eu e Outras Poesias, o livro mais comentado por todo mundo. Eu li muitos poetas brasileiros, porém Augusto dos Anjos sempre me mostrou algo interessante. A poesia de Augusto tem um elo muito forte com a poesia de Joaquim Cesário Verde, que morreu também aos vinte e dois anos, tuberculoso, como o autor do Eu e Outras Poesias. Para Olavo Bilac, o Poeta da Morte não tinha valor nenhum, fez bem em morrer e não se perdeu grande coisa. O autor de Via Láctea, não foi muito feliz em dizer tamanha brutalidade, porque Bilac era sensível demais a ponto de compreender estrelas, embora não tenha entendido o credo do Poeta da Morte. O poeta Augusto dos Anjos, foi o maior sonetista no idioma de Sá de Miranda, de Gil Vicente, o maior teatrólogo português. Eu detesto ler, ouvir certas críticas bestiolas por quem devia ter isenção no que fala e no que pensa sobre os outros. O autor de Budismo Moderno morreu jovem demais e não podia ser um Milton Cego, um Edgar de Alan Poe e muitos outros grandes bardos. Eu sou um admirador do poeta Augusto dos Anjos e um leitor assíduo de Eu e Outras Poesias e não consigo por defeito em nenhum poema ou soneto deste artista genial. Manuel Carneiro Bandeira acusou o Poeta da Morte de limitado. Eu não entendi até hoje por que o nosso autêntico sonetista era limitado para o gosto do Sr. Manuel Carneiro Bandeira. Eu não sou crítico e nem pretendo ser, no entanto, eu prefiro chamar o Poeta da Morte de exagerado, a chama-lo de limitado. Augusto tocou num ponto triste que foi a morte, que, para a humanidade, é um verdadeiro tabu.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 26/12/2016
Reeditado em 27/12/2016
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