REFLEXÕES PARA A ÉPOCA EM QUE VIVEMOS

Toda tecnologia que o homem criou e cria para dar comodidade (e praticidade) no cotidiano de muitos indivíduos, o que não deixa de ser importante para o enriquecimento de nossa cultura, arrasta grande parcela das pessoas a um estado de euforia e entusiasmo... É perfeitamente compreensível ficarmos vislumbrados com tanto engenho e sofisticação sendo lançados no mundo a todo o momento; objetos outrora inimagináveis hoje em dia já estão na ordem do possível. De fato, podemos perceber, estarrecidos, a capacidade de criação e, por outro lado, a capacidade de destruição que o homem contemporâneo chegou em nossa ''sociedade civilizada''.

Uma sociedade que é governada pela tecnocracia e pela indústria midiática, além das ideias que são lançadas sem qualquer interesse pela verdade e pela dignidade de todos aqueles que são sinceros de coração, não consegue sanar as crises que se infiltram em nosso meio, muito menos a violência e o ressentimento que assombram nossas vidas. Pois não somos a todo o momento ameaçados com a corrupção e o aviltamento de nossa própria integridade?

Enquanto essas coisas se sucedem sem parar, a todo o instante são criados objetos de grande complexidade, ou seja, ferramentas, inventos e tecnologias que melhoram nossa qualidade de vida, tecnologias essas que são responsáveis pelo conforto e pelo ''bem-estar'' que circunda a vida dos indivíduos que vivem numa sociedade tão sofisticada quanto a nossa.

Mas será essa a nossa verdadeira pró-cura, ou seja, obtendo tanta comodidade e ostentando tantos bens quanto necessários para nos mantermos numa posição de destaque pelo que possuímos, e não pelo que somos? Será essa a nossa verdadeira fortaleza: nos cercando de bens para nos protegermos de um mundo dominado pela violência e pelo pavor que inspira, sobretudo quando percebemos que as conquistas do homem contemporâneo não tem servido para melhorar a vida de grande parte das pessoas?

Todos os dias somos surpreendidos por informações de todos os tipos: umas mais brandas e importantes para nos orientarmos, outras mais corriqueiras, mas e o que dizer daquelas que chegam como bombas em nossas casas? Tal é a vida de todos nós seres humanos nesse momento histórico: repleta de informações que são disseminadas pelo uso excessivo das tecnologias. Entretanto, no que se refere à dimensão espiritual, o seu empobrecimento se torna evidente, na medida em que a sabedoria é uma jóia raramente cultivada pelos homens de nossa era...

O homem contemporâneo criou um mundo complexo, mas sua ânsia e prepotência não tem limites: acredita cegamente ser capaz de ir além do que o homem comum e de outras épocas fazia, ou seja, sondando com toda sua ''criação'' o grande mistério que paira sobre a origem do universo.

Paradoxalmente, nos dias atuais pouco o homem comum medita sobre a noite estrelada como fazia seus ancestrais nos tempos mais arcaicos, onde horas a fio se mantinha arrebatado, extasiado e maravilhado com tanto mistério espalhado pelo mundo... Vivemos numa era com tanta sofisticação e repleta de ambição, que alguns homens já até sonham em habitar outros planetas, pois acreditam que suas invenções podem conduzi-los para certas regiões alheias ao tempo e ao espaço, lugares onde os homens primitivos simplesmente contemplavam com grande dose de assombro e temor!

As conquistas do homem contemporâneo sem dúvida proporcionaram novas possibilidades de vida, chegando inclusive a diminuir as grandes distâncias que separa um indivíduo de seu semelhante; porém a ideologia proveniente de suas conquistas não conseguiu nos libertar da angústia e da ansiedade, sintomas esses que assolam a vida de muitos homens que vivem em nossa sociedade, embora tenhamos ao nosso favor uma ''certa autonomia'' para consumir tantos bens e serviços, os mesmos que são despejados a todo o momento no mercado da oferta e da procura.

Mas será esse o caminho que salvará o homem de suas crises, o caminho da ostentação de tantos bens quanto forem necessários para adornarem nossos corpos e enriquecerem aquilo que é mais superficial em nós mesmos? E a busca daquela riqueza que só aparece quando nos desapegamos das ilusões que nos entorpecem e nos mantém mais conformistas, não seria ela uma alternativa para superarmos as crises que nos atinge de cheio, principalmente nos instantes onde tudo perde seu encanto?

O homem sonhou que com sua criação poderia voar, conhecer a dinâmica dos corpos para entender as leis da física, atravessar as fronteiras físicas que separam nosso planeta de outro, conhecer mais de perto o segredo de nosso mapa genético, enfim, sonhou que poderia ser alguém dotado de uma capacidade sobre-humana, mas tão logo suas invenções se tornaram realidade, no sentido de se fazerem presentes no cotidiano da vida de muitos indivíduos, o homem também achou que poderia pelos ares bombardear uma cidade; e com as invenções da ciência também ''acreditou'' que poderia provar que alguns povos são ''inferiores'' e outros ''superiores''.

Em meio a tanta invenção e diante de tamanha inversão de valores, o homem contemporâneo teve que viver os pavores e as catástrofes da grandes guerras mundiais. Mas o que dizer também das demais guerras que até hoje povoam a existência de muitos seres humanos, especialmente naqueles lugares onde as riquezas naturais são disputadas com sangue e ódio?

A tecnologia fomentou guerras tão monstruosas, guerras de tamanha proporção, que o mundo chegou a estremecer, onde muitos até mesmo pensaram na possibilidade de um desastre em escala global que poderia por fim na possibilidade do surgimento de toda a forma de vida existente no planeta. E quanto a essa tecnologia desenvolvida para a indústria bélica, foi criada em nome do que? Apenas e meramente por ambição, poder, dinheiro, status social...

O homem idolatrou o que é perecível e se entusiasmou com suas próprias conquistas, a tal ponto que DEUS acaba ficando esquecido e desprezado, e nem sequer é mencionado por aqueles que são responsáveis pelo conhecimento que produzem mundo afora. O conhecimento produzido nos dias atuais pela ciência e pela filosofia, numa versão deprimente do ''DEUS está morto'' dado por Nietzche já século 19, deixam de lado o amor, a fé no transcendente e inclusive no próprio DEUS, por isso cabe a esses saberes despertarem para esse momento em que vivemos, um momento histórico que deixa de lado a misericórdia de DEUS para contemplar as criações humanas (dando a estas um caráter de autonomia).

Tamanha cegueira para o que há de mais sagrado em nossas vidas, não poderia ser mais mais desastroso: o distanciamento de DEUS quanto aos destinos da civilização como um todo. Uma época que abre pouco espaço para a transcendência e quase pouco interesse manifesta pelo sagrado, negligenciando o horizonte da espiritualidade humana, tem como consequência o empobrecimento de muitas vidas existentes, muitas delas ignorantes inclusive de sua própria condição, pois sabemos, todos nós que vivemos da fé e do amor, que precisamos de uma força maior a guiar nossos passos, uma força maior que nos liberte da própria condição que o homem ''civilizado'' ajudou a construir para o seu semelhante.

As religiões, paradoxalmente, prosperam nos dias atuais, mas muitas delas com descarada intenção mercantil, quase não dão abertura para o homem se aproximar de DEUS pela fé, prejudicando o crescimento espiritual de muitos seres humanos que vivem nesse mundo, o que não significa que não existam instituições comprometidas em levar com seriedade e responsabilidade a palavra de DEUS!

Trazer a palavra de DEUS para a cena da filosofia, das manifestações artísticas e, também, para o estudo científico das relações humanas que se mantém graças aos ensinamentos de Cristo, um estudo que visa elucidar a explanar a importância da cultura religiosa (a cristã-judaica) para o aperfeiçoamentos dos vínculos humnos mais salutares (um estudo como esse pode iluminar a vida dos indivíduos no sentido de levá-los a rever seus valores), é imprescindível nos dias de hoje, pois a ciência e os demais saberes oriundos da razão não conseguiram libertar o homem das superstições, dos medos e da própria menoridade do qual este é culpado.

Tampouco a racionalidade defendida pelos iluministas e positivistas conseguiu tornar o homem moralmente bom, a caricatura de um falso saber racional acreditou cegamente que o homem podia ser autossuficiente e tomar um rumo certo. Confiando na própria capacidade intelectiva, a civilização ocidental pensou que poderia trilhar sozinha um caminho que pudesse conduzir a humanidade a um despertar, e a uma autoconsciência sob a liderança de um guia terreno de grande poder temporal.

No entanto, o mundo sem DEUS mais parece um matadouro do que um tempo de luzes trazida pelo saber produzido pelo homem. A vida sem DEUS carece de qualquer atrativo; e pensar a possibilidade do amor em nossos dias atuais equivale colocar essa eterna fonte, Jesus Cristo, no palco das discussões que orienta nossa vida em sociedade, sem o qual tudo parece desfilar no vazio!

O vazio, o desamparo, a solidão, a angústia rondam nossas vidas em sociedade, mas porque não vivermos pela fé? Porque não vivermos do amor que promana do eterno cuidado de DEUS por tudo o que vive e sofre? Nada nesse mundo equivale ao que deu origem a tudo o que existe, por isso idolatrar a técnica criada pelo homem, ao invés de DEUS, é tão absurdo quanto acreditar que a ciência e a razão podem responder aos enigmas mais insondáveis do universo!

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 27/12/2016
Reeditado em 28/12/2016
Código do texto: T5864816
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.