OS PERIGOS DAS IDEOLOGIAS, DAS UTOPIAS E DAS REVOLUÇÕES

Em nome de uma suposta revolução na estrutura econômica e também na esfera cultural de uma sociedade ou, o que dá no mesmo, em nome de uma doutrina cuja promessa é, por meio de suas facetas ideológicas, instaurar uma nova sociedade sob uma fachada de ''igualdade'' e ''justiça'' (ou melhor, uma fachada sedutora que promete, na teoria, a consumação de um paraíso sobre a terra), emergiram no cenário contemporâneo homens que foram capazes das piores atrocidades e também das brutalidades mais sangrentas.

De simples sonhadores, ao mesmo tempo mofados por ideias e ideais corrosivos, se transformaram em bestas da maldade, cometendo assassinatos de pessoas inocentes, especialmente aquelas que não quiseram ser condescendentes com a lógica desumana de seus ideais para lá de suspeitos. Por meio de seus sonhos de estabelecerem reinados assaz poderosos e por intermédio dos seus anseios de exercerem poderes e domínios sobre povos inteiros, se originou nos seus corações aquela sede desenfreada de praticarem homicídios, bestialidades e perversões sem precedentes, trazendo o terror para as mais diversas nações e sufocando qualquer tentativa de uma conscientização individual da sua condição.

Por trás de uma fachada de igualdade, de justiça e de melhor distribuição de riquezas; por trás de uma máscara ideológica que prega a revolução do proletariado, a perspectiva socialista preconizada por Marx (e levada adiante por Lênin e teóricos e políticos ulteriores), esconde um ânsia não somente de manter o poder a qualquer custo, mas também de nivelar um contingente populacional na miséria e na submissão a um sistema opressivo.

Algumas frases de Lênin nos mostram por si mesmas (sem muitas reflexões demoradas) os verdadeiros interesses que estão por trás dos sonhos utópicos e das ideologias que prometem uma sociedade sem classes, frases como: ''Precisamos odiar. O ódio é a base do comunismo. As crianças devem ser ensinadas a odiar seus pais se eles não são comunistas''; ou então: "É preciso empregar todos os estratagemas, ardis e processos ilegais, silenciar e ocultar a verdade."

Marx, que sempre foi bem interpretado, compreendido e estudado, além de muitos outros teóricos que defenderam a bandeira da revolução e do comunismo, não fariam nada mais do que aplaudir pensamentos como esses, sem qualquer crise de consciência, pois para o advento do socialismo, segundo o próprio ''filósofo'', muitos deverão perecer no holocausto revolucionário.

Che Guevara, Maduro, Hugo Chaves, Hitler, Stalin, Lênin, Mao, Bonaparte, Fidel Castro, Constantino, Mussolini, os mais diversos ditadores comunistas espalhados pelo mundo e muitos outros homens hediondos e ambiciosos, não foram apenas indivíduos cruéis que, junto com a sua corja de assassinos, se orgulharam de suas empreitadas facínoras cheias de carnificinas e mortes, o que é assaz evidente; mas também foram homens idealistas e sonhadores imbuídos de planos que visavam transformar o mundo e estabelecer uma sociedade mais gloriosa e próspera.

Todas as ideologias e doutrinas sociais que emergiram no século XX contribuíram, cada uma ao seu modo, para o massacre de vidas inocentes. O que houve depois de tamanha brutalidade nas duas grandes guerras mundiais? O mundo se conscientizou de tantas torpezas? Infelizmente não. Apenas cedeu espaço para novas formas de estupidez onde a vida é meramente um meio para se atingir objetivos mais gananciosos, suprimindo qualquer chance de uma humanidade mais repleta de concórdia, harmonia, amor e paz. Em meio a esse contexto turbulento, surge então uma nova tensão entre as grandes potências abarrotadas de poder e dinheiro, além da divisão do mundo em blocos ideológicos, disputando entre si (como hienas em busca de carniças e carcaças já em decomposição) o domínio da terra e do cosmos com a força das armas de destruição em massa.

Se o capitalismo, com as suas mazelas, ampliou ainda mais a desigualdade entre os homens, fomentando hordas de miseráveis e famintos durante os seus vários séculos de existência, o comunismo, bem como como o nazismo, conseguiram realizar façanhas ainda mais tenebrosas: não somente transportaram milhões e milhões de pessoas para campos de concentrações, exterminando-as em tão pouco tempo com o auxílio das melhores tecnologias da época, como também nivelaram um contingente incomensurável de seres humanos em condições sub-humanas, mantidos em situações de extrema ignorância, pavor e embrutecimento psicológico-afetivo-espiritual (sob respaldo de instituições e organizações que até hoje acumulam riquezas incomensuráveis).

O que o século XX em diante pode nos mostrar de tão interessante? O que a nossa era embriagada pelos vícios das ideologias dos séculos predecessores pode nos revelar? Penso que pode nos mostrar o fracasso dos sonhos utópicos, dessa estupidez do homem em acreditar que as suas ideias limitadas podem conduzir a humanidade para a alvorada de uma sociedade mais igualitária, rica e poderosa. Os sonhos utópicos, por onde passaram, não fizeram nada mais do que deixar rastros de sangue por onde quer que adentraram; não fizeram nada mais do que transformar as sociedades nos ''piores mundos possíveis'', propagando ideias estapafúrdias como se fossem verdades absolutas (enfim, um verdadeiro inferno dantesco que excede até mesmo aquele idealizado por Dante, um inferno capaz de influenciar a elaboração das melhores literaturas distópicas, como as de Huxley, ''Admirável mundo novo''; e Orwell, ''1984'').

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 05/06/2018
Reeditado em 23/07/2021
Código do texto: T6356152
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