A Ilusão do Espaço 

(em três atos)

 

Primeiro Ato:  Uma Reflexão Visual


Você olha um objeto, como o da imagem acima, e vê que existem dois campos de visão distintos: o campo diretamente observado para onde sua visão é dirigida e a visão periférica, a área ao redor que é percebida indiretamente.
 

Agora você reduz o campo onde o foco de sua visão originalmente se fixou. Você percebe que o novo campo reduzido passa a ser sua visão direta e que a visão periférica se amplia, de fora para dentro, cobrindo a área que antes fazia parte do campo da visão direta.


Reduza ainda mais o foco no campo de visão direta e a visão periférica se amplia cobrindo o entorno do novo campo de visão agora novamente reduzido. Até que o pequeno círculo branco passe a ser sua visão direta, e todo o resto da imagem sua visão indireta. Se conseguir visualizar um ponto mínimo dentro do círculo branco, verá que o círculo que agora circunda este ponto se transformará também em visão periférica.
 

Chegará um ponto em que a limitação de sua capacidade visual não permitirá mais que você perceba áreas menores para focar a visão direta. Não fosse esta limitação, o processo continuaria ao infinito, restando sempre, após a escolha de cada novo ponto focal reduzido, uma nova visão periférica.


Assim, qualquer novo campo de visão direta reduzido, seja ele ou não percebido pelos sentidos, se transformará em visão periférica que, como um devorador, abarcará sempre e indefinidamente o que antes era campo de visão direta.
 

Ao observar um objeto num microscópio, podemos ampliar o foco da visão, prosseguindo no processo de redução da visão direta, mas, ainda assim, a visão periférica ali estará e sempre estará, por mais que se aumente a potência de aproximação do microscópio.


Por um processo de raciocínio dedutivo, podemos inferir que o ponto no espaço cada vez menor em que buscássemos fixar o foco de nossa visão nunca seria alcançado, já que dele sempre emergiria uma visão periférica adicional.
 

Então, a ideia de focar um ponto no espaço é uma ilusão. O ponto não é visível; ele sempre escapará à nossa visão direta. Ou seja, toda visão é periférica; a visão direta de um ponto no espaço é uma ilusão de nossos sentidos.