AS LIMITES DA LEI E A REDENÇÃO PELA GRAÇA

A lei (presente com mais ênfase nos textos do antigo testamento) sempre nos mostra o que devemos fazer, ao mesmo tempo nos conscientiza do quanto somos falhos e pecadores. Percebemos a partir daí o fato de que carregamos em nós o peso de uma culpa por aquilo que não conseguimos cumprir; e muitas vezes não escapamos, fatalmente, de vivenciar a dor da angústia e do medo que de uma escolha malograda emerge.

Além disso, ela nos mostra o quanto somos incapazes de cumprir todas os mandamentos e regras criadas para agradar a Deus e também para manter um bom convívio social. Através dessas certezas, percebemos o quão pouco temos feito para merecer qualquer aprovação ou galardão de ordem celestial! No seu livro ''O que o sofrimento ensina'', Caio Fabio nos dá um belo insight a respeito da relação entre a culpa e o conhecimento que adquirimos da lei: ''Somente a transgressão da lei dá conhecimento dela, pois a lei só se faz conhecer como culpa ou medo. É dessa culpa essencial que procedem todas as neuroses humanas''.

Mesmo cumprindo a lei aos olhos da sociedade; mesmo ostentando uma imagem de ''homens perfeitos'', cada um de nós lamentável e inevitavelmente a transgredimos através de nossos pensamentos e ideias que criamos, sem que nenhum outro ser humano esteja ciente do que está se passando em nossos corações.

Sabemos, por outro lado, a importância de se cumprir a lei dos profetas; por conta disso, sentimos uma dívida, ou melhor, ficamos aturdidos quando não conseguimos cumprir alguma exigência ou mandamento. A lei, de fato, é importantíssima, pois orienta o homem a andar no caminho certo e não a trilhar caminhos que só o leva à morte. Ela é o nosso guia prático, o qual serve como um acompanhamento da graça de nosso Senhor Jesus Cristo.

No entanto, vale dizer que é a dispensação da graça a que mais pode nos iluminar e nos consolar. Ela simplesmente nos mostra o quanto somos amados por Deus sem termos qualquer merecimento. Mostra, além do mais, o quanto podemos confiar naquele que nos liberta da escravidão da morte e do pecado.

Vale lembrar que, apesar da graça, Jesus não veio abolir evidentemente a lei, mas veio ao mundo para cumpri-la da forma mais perfeita possível, ensinando aos homens uma ética do amor ao próximo, onde o que está em jogo é a luz da consciência da caridade, da compaixão, da honestidade e da solicitude nas situações mais práticas da vida quotidiana.

No livro de Matheus 5 17-18, fica claro essa perspectiva que dispensa comentários: ''Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas, não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo, até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.”

Ora, se o sistema religioso de nosso tempo, o qual propaga o legalismo e muitas formas de fanatismo, se serve da lei para nos acusar de não conseguirmos cumprir determinados preceitos, nos incutindo temores sobre uma possível punição caso não a seguirmos como deveria, é a graça que, na sua superabundância, nos inspira a amar a divindade com toda a sinceridade de nosso coração e com toda a verdade de nosso ser.

A graça é uma dádiva que abarca todos os homens pecadores e contritos, levando-os pouco a pouco a uma significativa renovação interior. Portanto, é unicamente pela graça que somos salvos e não pela lei, a qual, não obstante, não deixa de ser indispensável para uma vida de retidão. A própria bíblia já nos ensina que não há mérito humano capaz de gerar a sua própria redenção, e sim o mérito daquele que morreu na cruz para redimir os homens de suas iniquidades e pecados. Essa é a definição da plena manifestação da graça de Yeoshua para todos os homens. É ela, de fato, quem ensina o homem a ter plena consciência de suas ações, ou seja, tendo mais responsabilidades por si mesmo e pela vida de seus semelhantes, sem necessariamente precisar se basear numa imposição numa cartilha de imposições e de preceitos que o obrigue a segui-la de uma maneira cega e irrefletida.

Com a propagação dessa sublimidade espiritual que promana de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual chamamos de graça santificante, somos ainda mais conscientes da verdade do evangelho que conforta os nossos corações. Vivemos também com a urgência de uma ética fundada no amor, uma ética que é essencial para vivermos no caminho que nos conduz ao reino de Deus e à eternidade!

Então, em vez de uma adoração forçada, mecanizada e sem qualquer prazer, uma adoração movida por barganha e recompensas, surge a necessidade de levar adiante uma adoração movida por fervor e espontaneidade, uma adoração de profunda entrega e amor. Ela, a dádiva celestial da graça, nos ensina a amar o próximo como a nós mesmos; e também, se for preciso, a perdoá-lo setenta vezes sete, tal como maravilhosamente nos ensina o filho unigênito de Deus, Jesus Cristo.

A graça é, sem dúvidas, um maravilhoso dom divinal que descortina a oportunidade da redenção na vida de todos aqueles que se encontram massacrados pela opressão da culpa.

A graça nos ajuda a viver de esperança e fé. A graça é nada mais do que um milagre que nos ajuda a crescermos em sabedoria, benevolência, discernimento, pois ela nos justifica quando não já não temos condições de encontrar amparo e perdão pela via da lei.

A bíblia, especialmente os quatro evangelhos e as epístolas de Paulo, nos mostra claramente que é mais valioso diante de Deus os frutos de um coração generoso, piedoso e íntegro, do que os frutos de um coração regido por uma cartilha inexorável de preceitos, regras e leis intermináveis.

Viver na graça significa podermos esperar em Deus com serenidade. Viver na graça significa podermos ter plena confiança no amor daquele que morreu na cruz para redimir os homens da maldição de suas transgressões e iniquidades. Viver na graça significa podermos viver sob um jugo leve, ainda que o mundo ao redor seja cingido de opressão e trevas.

Viver na graça é sabermos que, apesar de sermos pecadores e carentes de misericórdia, podemos nos edificar com os milagres propiciadores de restauração e renovo; e então, a partir daí, ter na memória excelentes testemunhos para partilhar sobre as experiências de libertação humana, contemplando no mais profundo de nosso ser, bem como nos semblantes alheios, a luz reconfortante de Cristo abrindo gloriosas clareiras.

Viver na graça nos dá a chance de vivermos com gratidão pelo resto de nossas vidas, reconhecendo que somos bem-vindos como filhos legítimos de Deus e como seres purificados pelo perdão que nos liberta de toda culpa e servidão. Viver na graça, por fim, nos dá condições de sermos como o nosso redentor, ou seja, a luz do mundo e o sal da terra, tendo a liberdade e autoridade para alimentarmos os corações dos desamparados com palavras capazes de resplandecer verdade, amor e compaixão de uma maneira que só o Evangelho redentor de Cristo pode tão bem nos ensinar!

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 15/07/2018
Reeditado em 10/01/2021
Código do texto: T6390558
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