A IMORALIDADE DO MORALISMO

Observados caso a caso, saberemos que o respeito não tem indumentária. Muitos homens e mulheres atentam contra o pudor, totalmente uniformizados. Cobertos do cimo aos pés. A depender de não poucas ocasiões, tenhamos medo dos olhos indecentes; dos sorrisos maliciosos; da seriedade mal intencionada, o assédio moralista e a contrição que nos come - ou estupra - enquanto reza; ora; entoa louvores.

É preciso ter muito discernimento para saber quando se pode confiar no profano e desconfiar do sagrado. Sentir segurança no despudor e fugir do recato. Entender quando o santo é sonso e perigoso e o demônio é inofensivo e sincero. Perceber muita culpa sob certos panos e a inocência que veste muitos corpos nus.

Nada disso é humanamente obrigatório, decisivo e contundente. Pode ser uma coisa ou outra. Talvez uma coisa e outra. Cada história ou ocasião tem seu texto, contexto, sentido e peculiaridade.

Jamais condene publicamente, o que você ainda não julgou criteriosa e secretamente, com o justo princípio da imparcialidade; a observação. A leitura de quando, como e com que fim ocorreu seja lá o que for, mas que não atentou contra a integridade física, psíquica e moral de seja lá quem for.

Questione, sim, tudo o que lhe pareça questionável... mas condene apenas o que é, sem margem para injustiça, inegavelmente condenável.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 15/09/2018
Código do texto: T6449487
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