DIA DE FINADOS 3 - "UM DIÁLOGO ENTRE A VIDA E A MORTE"

Certo dia, a Vida encontrou a Morte.

Esta, toda enrolada no seu negro manto, que mais negro ficava na escuridão da noite; àquela, querendo desabafar sua ira, sua repulsa pela maneira como sua inimiga seduzia as criaturas, disse-lhe, num ímpeto de indignação:

__Morte, tu és uma ingrata! Em ti só existe essa vontade louca de sempre e cada vez mais matar: de jogar no esquecimento eterno, no ostracismo, na indiferença, almas que, com tanto carinho, eu tenho acalentado na Terra. Não poupas ninguém. Tua sentença é infalível. De ti todos fogem apavorados. E angustiados agarram-se com todas as suas forças em mim. Teu lema, é o inverso do meu, é a negação de tudo o que eu prego. Teu instinto é brutal, como brutal és tu. Morte, és um desprezível ser sem vida física, que sem entender da importância do corpo, ceifas aos homens o sopro do existir, quando gostariam de eternizarem-se pelo universo! Se não existisses, se tua vontade fosse impotente ante meu desejo, meu anseio de iluminar eternamente o mundo com meus raios de vida, que é deslumbramento, energia pulsante, esperança de toda a humanidade, então sim, então tudo seria um paraíso. Os homens viveriam sempre e cantariam à minha glória, animados pela bondade e alegrias que vêm de mim. Ninguém teria medo de perder quem ama de uma hora para outra; todos seriam eternamente felizes. Mas tu existes, e certo és egoístas. Nunca estás contente e nada satisfaz tua voracidade. És o maior flagelo da humanidade. Teu espectro, imaginado e indesejado sempre, apavora até as crianças, essas crianças tão covardemente arrebatadas por ti, em momentos os mais absurdos e covardes. Mas ouve o que te digo, Morte:

__Eu, que sou a Vida, ainda hei de te vencer, ainda chegará o dia que serás banida da Terra e fugirás decepcionada, e não terás mais forças para matar os meus filhos. E aí então eu zombarei de ti. A história de teu fracasso será contada por todas as bocas em todos os tempos futuros. E olha, não passará muito até que isso aconteça, pois estás vendo que minha força tem cada vez mais predominância sobre a tua. Quanto mais matas, mais eu crio e mais o homem progride __ disse a Vida, com um ar de triunfo.

E a Morte apequenou-se toda em seu manto negro, aveludado e fosco. Baixo a cabeça encolhendo-se, passou a mãe descarnada pelo rosto cadavérico gelado, e, com aquela calma que a caracteriza sempre, com aquele ar das sombras que traz nas faces, disse:

__Não, Vida, tu não me enganas; não tens direito nem razão para te queixares de mim. Pois tu, que aparentas tanta bondade, és mais ingrata e mais falsa do que eu, que nada mais faço do que também querer ser justa, desejando, com o mesmo ardor que falas almejar, a felicidade dos seres humanos. No entanto, imperfeitos, prepotentes, incapazes de limpar suas mentes e seus corações, se arrastam sobre a face da Terra, achando que são os prediletos de Deus... __AH! Eles, não sabem nada... Não sabem o que dizem. Tem muito que aprender no tempo dos tempos, sobre o qual a maioria sequer sabe do que seja. Não sabem do quanto é real o vir-a-ser, na Roda da Vida, na Vontade Maior.

E eu, nisto tudo __continuou a Morte __ sou incompreendida. No entanto, traidora como tu não sou, nunca serei. Minha missão é tão bela como dizes ser a tua. Não roubo felicidade de ninguém. Pelo contrário, proporciono-a. Que fazes tu de bom para os que vivem? Que grande felicidade encerra o viver, aqui, agora, Neste Planeta de expiação? Acaso não é vivendo que o mundo mais sofre? Não, Vida, tu és ingrata! Pelo pouco de prazer que proporcionas exiges muitos sacrifícios. Digo mais: a egoísta és tu, repito, falsa amiga dos homens. Tu os matas de tanto o que necessitam lutar para conseguirem um mínimo, e eu, por ter o nome que tenho, é que levo a culpa pelos homicídios, suicídios, estupros seguidos de mortes, seqüestros que acabam tirando vidas, infanticídios. Eu, fina lamente, sou a culpada, em fim, de todas as tuas mortes.

Por isto, injustiças me fazem. Maldizem-me, espezinham-me. Cravam-me os espinhos que cravastes no Cristo. Mas, no fim, quando descobrem que foram ludibriados pelas tuas promessas fingidas de bondade, clamam por mim: desejando-me louca e ardentemente. Então eu venho, e, apenas transporto-os no meu manto, protegendo-os deste para um outro mundo, melhor. Cumpro a minha tarefa. Dou a mão para os que matas e guio-os através da escuridão dos seus erros, para novo aprendizado, PELA LUZ. Pois quando todos eles nasceram, nasceram para mim. Todos e cada um, desde o primeiro passo que dão, caminham em minha direção. Guio-os para recarregarem suas energias, perdidas aqui, contigo, neste Plano de Ilusão. Encaminho-os para junto ao Pai Eterno, morada eterna e inicial de Todos. Tu, transitória Vida, és um simples agente. Toda a caravana de peregrinos, desde o primeiro suspiro, se dirige para o meu reino, através de ti. Esses anos que as criaturas vivem, representam o tempo que levam para o transporte, através de ti, para chegarem novamente a mim. Não, Vida, a ruim és tu. Eu sou a boa. Pelo pouco de dor que causo, ofereço a grande felicidade de dormir; aprender no sono. Quantos gostariam de dormir eternamente, sonhar com um mundo melhor e com a felicidade dos que amam?

Assim, fugindo uns de mim, desejando-me com ardor, outros, todos, todos prosseguem com os olhos fitos em ti, sem saberem que vivendo estão indo para a proteção do meu manto _- finalizou a Morte.

E agora, advogados de Deus, ou, __Deus me livre __ou de Lúcifer, qual das duas, a Vida, ou Morte, tem razão?...

Mas e afinal, o que é que fazemos Aqui, Agora?

Viemos, Aqui, Agora, aprendermos a expandir, de Nossos Corações, e de Nossa Mente, as chamadas Virtudes Divinas: sete planetárias, cinco solares. Que nos proporcionarão, ao longo dos séculos, o aprendizado para nos auto-dominarmos e à natureza que nos cerca, em respeito às leis que regem o Cosmos, em permanente expansão de Nossa Chama Interior, no eterno servir ao seu irmão próximo, EM LUZ, PELA LUZ. Na medida do crescimento interior, por crescente compreensão do Todo, o ser adquire maior felicidade.

Na realidade, veja-se que a felicidade, ou a infelicidade, não são como se um manto fosse e que caísse sobre todos na face da terra. Ser feliz é estado de espírito; ser feliz é não contradizer pensamentos e sentimentos pessoais emanados; ser feliz é saber que o homem não veio aqui adquirir tesouros materiais, e sim, os Chamados Tesouros do Céu.

Qual é o céu?

A expansão do Coronário, que leva a onipotência, onipresença e onisciência. Esta é a meta, Neste Plano; portal para um outro dimensionalmente mais elevado...

Não podemos esquecer do que ELE disse, há 2000 anos atrás, para que o homem aprendesse dessas 12 (doze) virtudes citadas:

__Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

No entanto, tem muitos que, mesmo sabendo disto, prepotentemente, pensam que já sabem tudo. Falta-lhes a humildade para poder crescerem em aprendizado.

E, neste estado de espírito, é como,__ bem, é como a bruxa disse:

__ “Aí começa o teu sortilégio”.

Que viver, verá!

Quem viver e tiver a humildade para se predispor a aprender, SERÁ!

Porto Velho, 29 de outubro de 2005.

Nesta data, em rogativas ao Pai, com todo o meu amor, com todo o meu carinho, com todas as minhas forças, PELA LUZ, digo:

__Amando a Essência Divina Individualizada em você, em Cada Um de Vocês, meus Amigos na LUZ, Aqui, Agora, Desde Sempre, Enquanto na Roda da Vida, e Além, Como Expansão Constante do Todo, na Vontade Maior, Eternamente, continuemos, sempre com maior firmeza mental e emocional, trabalhando PELA LUZ.

E que cada um de nós Seja Capaz de Doar o que não lhe for útil para o irmão próximo, pois isto será uma benção renovadora, em prol de todos os necessitados.

Saibamos que, assim, estaremos semeando no Cosmos, sempre fértil, para o nosso próprio porvindouro, em Abundância Plena, necessitados que somos, não só do Pão Físico, mas do Eterno: justo e perfeito.

Haja LUZ. Haja ÉTICA.

Vitor Hugo Bitencourt da Silva

Sócio Fundador da Associação Rondoniense de Poesia – ACARP

Sócio efetivo e Comendador da Ordem da Confraria dos Poetas Brasil – OCPOETAS BRASIL

DOUTORANDO

Web Site: http://www.vhbbrasil.recantodasletras.com.br

E-mails: vhbbrasil@vhbbrasil.recantodasletras.com.br /

Prof Vitor
Enviado por Prof Vitor em 29/10/2005
Reeditado em 15/11/2005
Código do texto: T64842