O Lugar do Aqui
 

Se o Agora é uma dimensão sem tempo (1), o Aqui é uma dimensão sem espaço. Ao definir um local para chamar de “aqui”, é preciso imaginar um ponto geométrico para onde as coordenadas convirjam, restando no entorno “alis”e “acolás” para além do “aqui”.
 

Visto através de um microscópio, o ponto geométrico do “aqui” - quase imperceptível aos nossos sentidos -  amplia-se e põe em evidência um centro que passa a ser o novo ponto, um local mais preciso onde as coordenadas se cruzam para definir o novo “aqui”, fazendo do entorno do novo ponto, uma área de novos “alis”e “acolás” que se integrarão aos já definidos antes do microscópio.


Este processo de redefinir o ponto, a partir de sua ampliação promovida por um microscópio poderia se repetir indefinidamente, enquanto se disponibilizarem microscópios cada vez mais potentes, assumindo que se possa sempre isolar o centro de cada novo ponto de tudo o que compõe o microuniverso observado.
 

Quão potente deve ser um microscópio para que o último centro de ponto, nos confins da imensidão microcósmica, possa ser considerado o verdadeiro e definitivo local do “aqui”? Intuitivamente, percebe-se que este local não existe: ele se desdobra infinitamente, sem qualquer consideração à potência do microscópio.


Mas em geometria, “infinitamente” é uma abstração. Não pode haver infinito no mundo do tempo-espaço; nesse mundo, tudo pode ser medido e contado. O Infinito é uma dimensão sem tempo, sem espaço, onde acontecem o Aqui e o Agora, onde a verticalidade do não-tempo, e do não espaço cruzam a horizontalidade do tempo e do espaço. Estas são as verdadeiras coordenadas do Aqui-Agora que somente podem ser alcançadas pela consciência.


Quando a consciência vaga entre o passado e o futuro, entre o ali e o acolá e na densidade aparente da matéria, o ser vive na ilusão da matéria-tempo-espaço.


          Viver pelo espírito é viver o Aqui e o Agora! É viver na fronteira do tempo-não tempo, na fronteira do espaço-não espaço. É viver no portal do infinito, a Casa de Deus! 
 

(1) Ver Ensaio do autor neste RL: "QUANDO É O AGORA?"