MAIÚSCULAS & minúsculas

 

A linguagem utilizada para a comunicação convencional é somente apropriada para representar coisas ou ideias no plano da multiplicidade. Dessa forma, como um recurso didático, para que se possa distinguir os contextos em que os termos são utilizados aqui, expresso-os em MAIÚSCULAS ou minúsculas, conforme se refiram à UNIDADE (o dedo de Deus) ou à multiplicidade (o dedo de Adão),

respectivamente.

 

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Os valores materiais equivocados da personalidade acabam por excluir os valores sutis do ESPÍRITO. Assim, o progresso (material) exclui o PROGRESSO (ESPIRITUAL); o ser exclui o SER; o amor exclui o AMOR; a sabedoria exclui a SABEDORIA, a verdade exclui a VERDADE; a vida exclui a VIDA; o ego exclui o EU Superior; e a religião exclui a ESPIRITUALIDADE.

 

 “Ser” é o homem em sua dimensão terrena individualizada: corpo e alma, onde reside a dinâmica da fisiologia, das sensações, das emoções, dos sentimentos e dos pensamentos. O ser é limitado, no tempo e no espaço.

 

“SER” é a dimensão DIVINA do homem que, honrando sua personalidade individualizada, tem uma única ORIGEM, uma única SUBSTÂNCIA e um único DESTINO. O SER é eterno.

 

“Amor” refere-se ao amor terreno instintivo entre mãe e filho, entre casais ou entre amigos. É o amor egóico, que reivindica a posse e a propriedade do ser amado. É um sentimento somente satisfeito quando correspondido e cujos efeitos colaterais são o ciúme, o apego e, muitas vezes, o ódio.

 

“AMOR” é um atributo DIVINO do EU Superior ao qual podemos nos conectar quando os canais da personalidade que nos ligam a ELE estão sintonizados e desobstruídos. O sentimento de AMOR e o êxtase que DELE emana são apenas o reflexo deste ATRIBUTO no corpo emocional de mais alta frequência vibratória em nossa alma (personalidade). O AMOR, como raiz deste êxtase, não é um sentimento, pois não pertence à personalidade. O AMOR no SER é a expansão do EU – A DIVINDADE em nós – de dentro para fora, a partir do chacra cardíaco, a todo o Universo, como o grande disseminador da Criação na multiplicidade e agregador dessa mesma Criação na UNIDADE. O AMOR não é dirigido a algo ou a alguém. ELE é infinito, onipresente e incondicional. É como a luz do Sol, que não pode ter um único foco; cria a vida e agrega em organicidade harmônica seus múltiplos elementos. O AMOR somente será absolutamente compreendido quando O conseguirmos incorporar à nossa consciência, quando essa consciência abranger e integrar o nível do ESPÍRITO.

 

Diz o ego: Eu te amo!  Diz o EU: EU AMO!

 

“Sabedoria” é a experiência acumulada pela vivência da saga da existência. É a fonte dos ensinamentos da qual bebem os mais jovens, ainda confusos diante da realidade obscura da vida. Os sábios são reconhecidos pela magnanimidade de seus conselhos e pela sua filosofia de vida, estruturada a partir de sua própria experiência, de sua elaboração filosófica desta experiência e de um vasto conhecimento da trajetória de tantos outros filósofos.

 

“SABEDORIA” é a sabedoria filtrada, direcionada e enriquecida pela INTUIÇÃO, pelo contato direto com a MENTE UNIVERSAL. Atributo da DIVINDADE – assim como o AMOR –, a SABEDORIA não dá conselhos, dá exemplos e expõe aspectos da VERDADE a quem está preparado para ela; respeita o livre-arbítrio e o direito ao auto aprendizado. A SABEDORIA é irmã gêmea do AMOR. Um não existe sem o outro. Quem não AMA não pode ser SÁBIO, pois SABEDORIA e AMOR são ambos atributos indivisíveis do ESPÍRITO.

 

“Verdade” é aquela a que nos referimos quando dizemos: “Não existe uma única verdade”, “A verdade de cada um” ou ainda “O que é verdade para alguns pode não ser para outros”. São as crenças enraizadas nos seres pelos paradigmas resultantes de experiências pessoais ou a que foram expostos pelo convívio familiar e social ao longo da vida.

 

 “VERDADE” emana da SABEDORIA infinita de Deus. É aquela que é buscada pela intenção e pelo empenho no desenvolvimento da consciência. Quanto mais se eleva a consciência, mais a verdade se transmuta em VERDADE! Quando se alcançar a VERDADE absoluta, ser-se-á a SABEDORIA DIVINA, ser-se-á DEUS.

 

“Vida”, é a sequência de processos, de acontecimentos e de experiências a que se submete o ser desde o nascimento até a morte. A vida é generosa para alguns e perversa para outros, mas todos se apegam a ela com medo da morte. A vida é governada pelo instinto de sobrevivência, pelo medo das perdas de qualquer natureza, pelo separatismo e pela competição, que caracterizam a individualidade da personalidade humana.

 

“VIDA” é a dinâmica da CRIAÇÃO. É o processo pelo qual se dá a Evolução Universal por meio da interatividade dos relacionamentos na multiplicidade da matéria. É a manifestação da DIVINDADE em múltiplas formas orgânicas, para o regozijo de cada uma na interação com as demais, ao expressar o AMOR do CRIADOR. A VIDA é eterna, não importando em que densidade energética ou em que plano existencial vivamos. A VIDA carrega o “DNA” do CRIADOR em todas as suas manifestações, e, nos seres humanos, esse “DNA” é também interiorizado na forma do Fogo Essencial espargido na multiplicidade de centelhas da mesma FOGUEIRA SAGRADA.

 

 “Ego”, é o conjunto dos corpos inferiores do ser humano: o corpo físico, o corpo etéreo e o corpo astral, sede da mente, das sensações, das emoções e dos sentimentos. O Ego é um sistema de energias, em que todos os corpos que o compõe, com funções específicas e de densidades diferentes, interagem entre si. É onde reside a individualidade do ser. O ego é o grande instrumento de sobrevivência, de socialização e, principalmente, de evolução da humanidade em direção ao EU.

 

“EU” é a centelha DIVINA do SER. É a UNIDADE do CRIADOR imanente ao ser humano. São os “Atributos de DEUS a cuja imagem e semelhança o HOMEM é feito”. O EU superior, o SER, embora individualizado, é indiferenciado nos seres humanos, como gotas do mesmo oceano espargidas ao vento, embora a forma como é percebido dependa do nível de consciência do ser em que habita. “EU” é a sede dos atributos do CRIADOR: o AMOR, a MENTE UNIVERSAL e a VONTADE, permanentemente presentes no interior infinito e eterno do SER, aos quais a consciência pode ter acesso por meio dos canais desobstruídos do ego. O ego expande-se para o exterior nas dimensões da matéria-tempo-espaço. A consciência progressiva que temos do EU expande-se para o INTERIOR, nas dimensões do ESPÍRITO imaterial-atemporal-infinito.

 

“Religião” é a organização de crenças ancestrais por entidades hierárquicas que se apropriam da “verdade” para fazer dela um produto, geralmente sob a forma de dogmas impostos aos fiéis. Ser fiel a uma verdade religiosa significa rejeitar outras verdades apregoadas com igual convicção por outras religiões. Portanto nenhuma verdade religiosa que se pretenda exclusiva é única, e nem pode, por esse motivo, ser “A VERDADE”. O Deus das religiões dogmáticas está fora do ser, e a Ele se deve obediência, devoção e reverência, sob pena de martírio eterno. A religião entrega “salvação”, em troca do domínio da vontade de seus crentes. As instituições religiosas competem entre si – comportamento óbvio de apego – por um número cada vez maior de fiéis engajados.

 

O foco das religiões são as trevas, das quais se deve afastar pela invocação do Deus exterior.

 

 “ESPIRITUALIDADE” inclui a convicção de que cada um é responsável pela própria evolução espiritual e que a chave para atingir a maturidade da consciência no Espírito está em cada ser humano. É a busca ininterrupta, automática, tornada hábito, do aprimoramento por meio do autoconhecimento, que implica no permanente foco da atenção, benevolente e não repressora, sobre sensações, sentimentos e pensamentos – o ego; é o exercício contínuo do crescer e do servir, voltados à busca da VERDADE; é a intenção perene de lembrar-se "o que" se era, num tempo remoto em que a materialização excessiva não havia ainda encoberto a visão humana.

 

O foco da ESPIRITUALIDADE é a Luz, a qual se deve buscar pela descoberta do DEUS interior.

 

Houvesse consciência da origem divina UNA, comum a todos os seres, o ego não excluiria, mas alimentar-se-ia dos ATRIBUTOS do ESPÍRITO, numa dança em que a consciência flutua livremente, em êxtase, entre a UNIDADE e a multiplicidade da matéria impregnada pelo ESPÍRITO.