CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(9) Além da Sabedoria: Outras Trilhas para a Justiça e Equidade

A sabedoria é uma qualidade que muitas pessoas almejam, especialmente no contexto religioso. A Bíblia, por exemplo, afirma que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Provérbios 9:10) e que "a sabedoria é melhor do que as armas de guerra" (Eclesiastes 9:18). Mas, será que a busca pela sabedoria é suficiente para garantir a justiça, o julgamento correto e a equidade na vida? Neste ensaio, argumentarei que a sabedoria não é o único caminho para alcançar essas virtudes, e que outras abordagens também devem ser consideradas.

Em primeiro lugar, é importante reconhecer que a sabedoria é uma ferramenta poderosa para orientar nossas ações e decisões. Como disse Sócrates, "o sábio sabe que nada sabe" (Platão, Apologia de Sócrates), ou seja, o sábio reconhece os limites do seu conhecimento e busca aprender mais. A sabedoria também nos ajuda a discernir entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, entre o justo e o injusto. Como disse Salomão, "a sabedoria dá força ao sábio mais do que dez governantes que haja na cidade" (Eclesiastes 7:19).

No entanto, a busca pela sabedoria não garante automaticamente a justiça, o julgamento correto ou a equidade em todas as situações. As pessoas podem possuir conhecimento e sabedoria, mas ainda assim fazer escolhas injustas e parciais. Por exemplo, os fariseus eram considerados sábios na lei de Deus, mas Jesus os criticou por serem hipócritas e negligenciarem "os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé" (Mateus 23:23). Portanto, a sabedoria não é suficiente para garantir a justiça, o julgamento correto ou a equidade.

Além disso, existem outras abordagens que também podem ser eficazes na promoção dessas virtudes. Por exemplo, a educação é uma forma importante de desenvolver uma compreensão mais profunda da justiça e do julgamento correto. Como disse Paulo Freire, "a educação é um ato político" (Pedagogia do Oprimido), ou seja, a educação pode ser usada para transformar a realidade social e combater as opressões. A empatia é outra forma de promover a justiça e a equidade. Como disse Dalai Lama, "se você quer que os outros sejam felizes, pratique a compaixão. Se você quer ser feliz, pratique a compaixão" (A Arte da Felicidade). A empatia nos ajuda a nos colocarmos no lugar dos outros e a respeitar suas diferenças. A reflexão crítica é mais uma forma de promover essas virtudes. Como disse René Descartes, "penso, logo existo" (Discurso do Método), ou seja, a reflexão crítica nos ajuda a questionar nossas crenças e valores e a buscar a verdade.

Em suma, embora a busca pela sabedoria seja uma jornada nobre e valiosa, ela não é o único caminho para alcançar a justiça, o julgamento correto e a equidade na vida. Outras abordagens também devem ser consideradas, envolvendo também a educação, a empatia e a reflexão crítica. Não devemos limitar nossa busca por essas virtudes a um único caminho, mas sim reconhecer a diversidade de abordagens que podem contribuir para um mundo mais justo e equitativo.