CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio Teológico II(16) A repressão sexual e a tentação das mulheres estranhas

As igrejas cristãs costumam orientar seus fiéis a evitar a tentação representada pelas mulheres estranhas, particularmente aquelas que buscam seduzir homens casados ou comprometidos. Essa orientação se baseia em passagens bíblicas que condenam o adultério e a fornicação, como: "Não adulterarás" (Êxodo 20:14) e "Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo" (1 Coríntios 6:18). Além disso, enfatiza a necessidade de resistir a essa tentação para preservar a integridade moral e o casamento, como um pacto sagrado entre Deus e os cônjuges.

No entanto, é fundamental questionar essa perspectiva e considerar que essa doutrina pode está sendo interpretada de maneira limitada e tendenciosa. Primeiramente, é importante notar que esses doutrinadores assumem uma visão bastante tradicional e conservadora sobre relacionamentos e sexualidade, o que pode não refletir as experiências e valores de todas as pessoas. Como afirmou o filósofo francês Michel Foucault: "O sexo é a poesia dos sentidos". Portanto, não se pode reduzir a sexualidade humana a uma mera função reprodutiva ou a uma fonte de pecado.

Além disso, a ênfase na culpa e no medo em relação à tentação pode criar uma atmosfera de repressão e vergonha em torno da sexualidade, o que não é saudável. Como disse o psicanalista Sigmund Freud: "A sexualidade é o conjunto das condições anatômicas, fisiológicas e psicológico-afetivas que caracterizam o sexo de cada indivíduo". Logo, é essencial reconhecer que a sexualidade é uma parte natural e importante da experiência humana e que as pessoas têm o direito de explorá-la de maneira consensual e responsável.

Em vez de demonizar as mulheres estranhas ou considerá-las como ameaças, é mais produtivo promover a comunicação aberta, o respeito mútuo e o consentimento em todas as relações. Como disse Jesus Cristo: "Não julgueis, para que não sejais julgados" (Mateus 7:1). E como disse o filósofo grego Platão: "O amor é a alegria dos bons, a reflexão dos sábios, o assombro dos deuses".

Finalmente, a ideia de que o adultério leva a consequências terríveis e duradouras deve ser examinada com cuidado. Embora a infidelidade possa causar danos emocionais e sociais significativos, muitos casais conseguem superar esses desafios com terapia e esforço mútuo. Julgar e condenar aqueles que cometem erros pode não ser a abordagem mais construtiva para lidar com questões de relacionamento. Como disse o filósofo alemão Arthur Schopenhauer: "O perdão é a única vingança verdadeira".

Em conclusão, este ensaio enfatizou a importância de valores morais e religiosos na vida das pessoas, mas também lembrou que as crenças e escolhas individuais podem variar amplamente. A compreensão e a aceitação das diferentes perspectivas sobre a sexualidade são cruciais para promover relacionamentos saudáveis e respeitosos. Como disse o apóstolo Paulo: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (1 Coríntios 10:23).