A Encruzilhada



Sempre estive certo de que havia alguém a me espreitar.
Por muitas vezes andei "cabreiro"' por intuir que "esse outro" tinha a idéia de me dominar e de me levar pela mão rumo ao caminho escolhido por ele.
Após cruzar uma dessas esquinas avistei sua sombra.
Sem coragem de encara-lo de frente, trêmulo, perguntei quem ele era e o que queria de mim.
Eis que ele respondeu:
- Eu sou o teu medo. Quero te deixar livre, mas te agarras em mim
de tal forma que não consegues ir em frente. Pobre de ti em meus braços...
Desde então abandonei o meu medo e "por tabela" a insegurança.
Fiz tudo o que quis, sem medir as conseqüências nem o preço de cada passo.
Todavia percebi que em minhas jornadas insanas e sem limites
ainda havia um outro a me seguir.
Numa dessas noites diante do espelho, deparei-me com uma imagem estranha.
Desta feita, com toda a coragem que tinha, encarei-a de frente
e perguntei-lhe quem era e o que queria de mim.
E eis a resposta que ouvi:
- Eu sou a tua loucura. Desde que te livrastes dos teus medos
tu me trouxe junto a ti. A cada desvario teu, eu me regozijo com a vida.
Pobre de ti aqui em meus braços...
Desde então, sigo numa eterna encruzilhada...
sem saber optar pela loucura do medo...
ou pelo medo da loucura...





(Este material é parte integrande do Projeto "O Monóculo" que pode ser visto em  http://omonoculo.blogspot.com .O Projeto "O Monóculo" é dedicado à Fotografia e à Literatura e trás fotos de Robson Bolsoni e textos de Anderson Julio Lobone.
                                          (Varsóvia / Rio de Janeiro- 2008)