POR FAVOR, O EGITO É ÁFRICA!

Há uma história de nobreza e genialidade; riqueza e luxo; grandeza e glamour que envolve o Egito. Isso desperta a curiosidade e a paixão de pessoas no mundo inteiro, e de forma mais intensa dos arqueólogos e historiadores. O Egito mexe com o mundo. Mexe e desafia. Será sempre atraente falar do Egito, querer conhecer os seus mistérios e extrair o que se pode de sua riqueza cultural, além dos resultados econômicos, que sempre habitam as ambições humanas.

O que me pergunto sempre, elaborando a resposta no ato da pergunta, é se não está nisto a razão dos contorcionismos que os escritores de livros didáticos fazem para que o Egito não apareça de forma nítida como país africano. É claro que sim. Preconceito. É a única explicação plausível para esse esforço global em prol da uma omissão, de um desvio velado que nos faz passar por toda a saga daquele país esquecidos de que se trata de parte de um continente que o mundo odeia por questões históricas que passam abertamente pelas ideologias que nunca deixaram de reger os conflitos de um mundo em disputa constante de poder e riqueza.

Lembrar abertamente que o Egito é África é relembrar que o continente já dominou o mundo. É dar muita trela para que países como o nosso recordem as influências africanas sobre nossos costumes, nossa cultura, nosso modo de vida e até mesmo a religiosidade. Talvez principalmente a religiosidade, que encobre outras ideologias, e que pauta até mesmo os cultos de correntes opostas, inimigas de longo tempo, da originalidade de sua fé. Também é lembrar que as superstições e crenças africanas regem a diversidade de nossas crenças.

Sobretudo, assumir o Egito por este aspecto é deixar de expor apenas os problemas, as misérias, as angústias da Etiópia, do Haiti e de tantos outros países que nos deixam condoídos. Só se quer lembrar da etnia africana como a que passa fome, a que foi escravizada, a que não tem aceso à cultura, à educação, ao conhecimento científico, à inclusão social, à dignidade humana.

Hoje quero lembrar que o Egito é África. Que a África é cultura, riqueza, grandiosidade. Que os livros didáticos são preconceituosos, separatistas, escravos da sociedade mundial que teme o continente africano. Por esse temor, o mundo empana, faz fumaça, lança véus, mas não se pode arrancar um país como esse do mapa. O buraco seria notado e ferida humana ficaria muito exposta.

Quando acabar o preconceito, sonho distante este, abriremos os livros escolares e leremos sobre o Egito nos mesmos capítulos que tratam de todo o continente, de uma forma igual. Não à parte. Não com a distinção que tenta “embranquecer” sua história para que ela valha aos olhos de um mundo Hitlista que tenta fazer sabão de uma realidade inquestionável.

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 12/05/2008
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