Lapa - Por donzela do Gelo

Na sombra desta outra cidade

Sou essas vozes cortantes

Elas são como escombros que me atravessam

dividindo-me ao meio

Parto no bonde e canto com boca rasteira

A solidão das horas

Entre um gole e outro, meus olhos se abrem

Minhas pupilas dilatam

E neste bonde, num som passageiro

Escuto um samba na Lapa

Um samba que arde e que chama o

Bêbado, o sóbrio e o ladrão

E as vozes saem dos becos

Das casas e dos casarões

A noite se ergue nos bordéis

E no corpo da fulana que tece sonhos nos arcos

Que busca no ombro, na boca do outro

A água ardente que perdura

Onde o tempo não passa dentro ou fora

Do bonde nas noites vendidas

Dos perdidos e achados, dentro dos bordéis

Que triunfantes brilham seus néons

Feito uma grande boca enorme e impulsiva

Ecoando entre as madrugadas

Na sombra desta outra cidade

Sou também essas vozes cortantes

Lapa por Donzela do Gelo

Donzela do Gelo
Enviado por Donzela do Gelo em 27/05/2022
Código do texto: T7525374
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