novas frases de além túmulo (reflexões sobre a morte)
eterno será só aquilo que não se há de compreender, aquilo que não permite anteriores explicações.
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que a morte leve o meu corpo e deixe em minh'alma vivo só o coração.
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aqui se enterra o pedaço de mim que não havia de durar.
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a morte não é o ponto final, é a unção de matéria e energia; vibração que vibra para a eternidade, desmaterialização em forma de continuidade.
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a metade de mim ilusória, matéria ou memória, aquilo que se deita sem mim...
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alma é aquilo que vibra, (é aquilo que sintas), não aquilo que mede, raciona e compõe.
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a tua lembrança fica comigo em forma de amor; e meu amor guarda só o teu amor, aquilo que em mim de ti foi real.
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vou como o vento, cheio de passamentos; pequeno como nada, vadio como o mar. vou como aquilo que passa e não quer mais voltar.
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de todo inverno procede um calor mais saudável, uma flor de resplandecência invejável.
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a quem couber minha lápide ungir de lágrima, não chores; planta o meu nome no coração e me deixa esquecer como imagem. viverei bem, — como miragem que te faça bem lá no além.
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pensa em mim como um gesto de primavera a dormir.
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obrigado pelo sofrimento abrandado deitado nos braços do pó.
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que o que minhas mãos construíram seja motivo de novas flores e gestos, de plena arquitetura magistral, de sonho e ilusão matinal; no mais, não há motivo de haver eu neste mundo.
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se me acabo, se me acaba de mim o meu fútil, todo o meu inútil, aquilo que de mim foi bravio. o que dura de mim é o vazio que de mim ficou, o inteiro de mim que passou.
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planta flores em meu túmulo; pois hei de nascê-las belas a ti, maviosas, ofertando-te um último bem por teres me amado até o fim. assim, como um gesto de perdão, peço-te poder retribuir.
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desiste, mas não sem antes acabar!