Quem come na casa alheia só come quando dá certo

Um companheiro faminto

Numa bela tardezinha

Fôra à casa da vizinha

Roubar aquele recinto

Para acalmar seu instinto

Viu a dona ali por perto

Depois que foi descoberto

Foi terminar na cadeia

Quem come na casa alheia

Só come quando dá certo

Um trabalhador roceiro

Pedindo esmola na praça

Vendo uma mulher ricaça

Pedira o pão costumeiro

Ela com um gesto grosseiro

Respondeu de modo incerto

Peça ao padre Felisberto

Que reparta o pão da ceia

Quem come na casa alheia

Só come quando dá certo

Um menino proletário

Imprecando seu repasto

Ouviu de um rico nefasto

Um discurso solitário

disse o grande mercenário:

Não quero vê-lo aqui perto

Vá pedir lá no deserto

Mendigo da cara feia

Quem come na casa alheia

Só come quando dá certo

Um campesino magrito

Implorando a caridade

Ouviu de uma autoridade

Desabafo horrendo e grito

Disse o chefe eu não admito

Partir meu pão com esperto

Chame o sargento roberto

No malandro meta a pêia

Quem come na casa alheia

Só come quando dá certo

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 25/11/2013
Reeditado em 26/11/2013
Código do texto: T4585874
Classificação de conteúdo: seguro