Ainda haveria uma longa estrada...

Quis o destino que no alvorecer do mês de maio de 2009 fosse chamado para outra dimensão o jovem Eder Neves Nogueira, 25 anos, através de um acidente que, só não foi considerado de pequenas proporções, exatamente porque ceifou uma vida extremamente preciosa. Duas motocicletas em pequena velocidade chocaram-se no centro da cidade, somente ele caiu, bateu a cabeça no asfalto, criou um coágulo no cérebro, recebeu a assistência médica devida, o carinho da família e de uma imensa legião de amigos, mesmo assim não resistiu. Dura realidade? Missão cumprida? Deus, como Supremo Criador, de onde emanam os fluidos da vida, precisaria mais dele no mundo espiritual que no plano físico? Ou simplesmente “uma fatalidade dessas que descem do além” como diria Castro Alves?

São perguntas que pairam no ar, ante a perplexidade de uma comunidade inteira, entretanto, não encontram respostas. Sabem por quê? Somos depositários do dom admirável da vida terrena, carregada de bênçãos, entre as quais se destacam: a sutileza da inteligência e a vontade de exceder as fronteiras do conhecimento. Todavia, diante da imensidão do Poder Divino, somos apenas pontos obscuros, pequeninos demais para entender esses mistérios insondáveis.

Em nossa pequenez pensávamos que ainda haveria uma longa estrada a percorrer. Que o jovem Eder, com a sensatez que lhe era peculiar, iria conquistar muitas vitórias, e muitos louros haveriam de ornamentar-lhe a fronte. Sonhos, alguns palpáveis e outros aureolados de fantasias, planos, projetos, futuro promissor, tudo, ficou no meio do trajeto, sem explicação, como que a demonstrar inequivocamente a fragilidade e a impotência humanas.

Uma contundente realidade, para uns, cruel e desumana, ainda traz à baila outras indagações: como ficam os pais - Joélia e Helder, os avós - Dona Hercília e Joãozito, Dona Creusa e França, os irmãos Elton e Leonardo, a cunhada Silvana, o sobrinho Ícaro, a namorada Paulinha e todos os seus familiares e amigos que ele soube conquistar dignamente em tão bela e ao mesmo tempo tão pequena trajetória? Novamente aparece o Poder Onipotente. A mesma mão que tira um ente querido do seio da família dá o conforto necessário e acaricia os corações que choram, revigora a alma, suaviza a dor, ameniza a saudade e fortalece a fé.

Nós, que nos incluímos entre os seus amigos, também choramos e sentimos saudades. Pedimos a Deus que dê a força necessária a todos que sentem essa lacuna, com a inabalável convicção de que as glórias do mundo são passageiras. Ou, como diriam os latinos: “Sic transit gloria mundi”. Que as lágrimas aqui derramadas, juntamente com a esperança maior, sirvam para aplainar os seus novos caminhos de luz na eternidade, onde não proliferam sentimentos vãos, mas apenas a plenitude do amor. DESCANSE EM PAZ, EDER!

Nicodemos Napoleão
Enviado por Nicodemos Napoleão em 07/07/2009
Código do texto: T1686535
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