Dia dos Finados ... dia da saudade...

...Que saudade não tem tradução...

...Uma frase contida numa canção da banda Rosa d Saron que tem demorado em mim nesses dias. Na ultima quinta feira (29/10) fui a um show da Banda Rosa de Saron e lá escutei tal canção que veio como uma flecha ao meu coração.

Veio traduzir o que há tempo estava tentando traduzir: a saudade. Descobrindo, enfim, que de fato, a saudade não tem tradução. As palavras não conseguem chegar onde esse sentimento existe e persiste.

Sou constituído de saudade, e isso me faz valorizar o que hoje vivo, o que hoje amo e busco. Saber que na saudade se concebe a verdade, demonstrando o valor interno e eterno de todas as coisas que já passaram por mim.

Descobrir que a verdade da saudade é o amor. Tudo é passageiro, só o amor é perene e verdadeiro. No amor, a saudade é concebida como a distância que aproxima; o tempo já não é o senhor do momento, pois submete-se ao sentimento; as coisas simples ganham dimensão de perfeição , no sentido de pertencer de modo definitivo ao coração.

Saudade...quem não tem? Só quem já morreu e se esqueceu de deitar, dizia Nelsinho Correa.

Dia dos finados, porque não dizer, dia da saudade. Onde pessoas lembram-se de seus entes queridos, choram..... Eis!!! As lágrimas...elas têm a pretensão de traduzir o que a razão humana não sabe dizer (ou escrever) sobre saudade.

A lágrima consegue falar, é palavra que fala sentindo, traduz sem dificuldade a ausência do coração. Ela reclama a ausência de quem é presente, de quem permanece não obstante ao tempo, à distância, aos limites e palpites da contingência humana.

Saudade...um impulso que nos confere desejo de ressuscitar quem já morreu, na lembrança que incurta distância; mas também uma força que nos faz valorizar a presença de quem está ao nosso lado e ainda temos possibilidades de amar e "ressuscitar".

Uma caixa de música, uma blusa, um retrato no album, um cheiro, uma canção, um lugar, uma palavra, um "cafuné, um gole de café, um ensaio, uma apresentação, um amigo, uma partilha, uma brincadeira, uma "briguinha", um sorriso, o choro preciso, chegada, partida, uma composição, uma viagem e algumas "viagens", uma pedalada, uma volta de trator, uma festa, um susto, um conselho, um abraço apertado, um tchau, um até já... Palavras que despertam no coração SAUDADE, mas que em si mesma se esmera por ser uma discussão interna das coisas eternas.

Se pudesse traduzir, a saudade para mim significaria uma pessoa, minha mãe. Pois percebo pelo que sinto, o paradoxo entre o amor e a dor, da presença e da ausência, do limite e do infinito, das lágrimas/palavras e do silêncio, do júbilo e do luto, da lembrança/distância e da proximidade.

A saudade não tem tradução... a música também diz no refrão: Muitos choram mas não desistem de viver. São os que têm saudades, as lágrimas são águas que regam e fertilizam o solo duro que é a vida, feita de chegadas no encanto da presença, mas também de partidas no lamento da ausência.

Sobretudo, a saudade tem sua verdade fundamentada no amor, a força que une os que se amam mas estão provisoriamente distantes.

Hudson Roza
Enviado por Hudson Roza em 31/10/2009
Código do texto: T1897897
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