FUI ENSINANTE

FUI ENSINANTE PROFESSOR!

Evilazio ribeiro

Hoje para prestar minha homenagem as professores. Me fez recordar do tempo de estudante em São Paulo, que complementava meus ganhos como ensinante, onde eu me sentia com a incumbência maior do que qualquer outro profissional do mundo, maior do que qualquer rei, presidente, juiz ou líder religioso. Tinha a responsabilidade de ser professor, que é a de dirigir a inteligência do jovem, preparando-o para o futuro. Dividir-me em meio a diferentes grupos, fragmentando-me em mais 40 pedaços e dividindo o meu eu com crianças e jovens que esperam muito mais do que letras e números. Tendo que lutar para conquistar a confiança de cada um como pessoa, quando muitas vezes vão à escola simplesmente por mero costume, levando consigo cargas emotivas devido aos problemas familiares, amorosos conturbados e confusos que naturalmente vem com a infância e a adolescência, esperando uma palavra de carinho, um conselho que venha amenizar os problemas do seu universo.

Depois de quase um semestre de sala de aula, percebo que não sou simplesmente um transmissor de conhecimentos da minha área, fui muito mais, um psicólogo e um amigo, reunidos em um só. Foi louvável ter essa missão. Ser professor é a mais nobre causa, pois para ser professor tive que passar pelo molde de vários professores, assim como qualquer outra profissão só existe devido à escultura de outros professores também. Um emprego que me pagaria mais de 10 vezes o que ganhava com professor, deixando a nobre profissão. Hoje reconheço que:

O Brasil só será poderoso quando professor for prioridade única no país e for visto como autoridade, sendo respeitado como aquele que tem papel PRIMORDIAL NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO. Ter as suas expectativas sempre superadas. Desde a primeira aula até a última. Às vezes ao mestre, faltaram palavras, o tendo que consultar o caderno, se apropriarem do recurso das respostas em vermelho nos livros de professor. Encontrar no nervosismo da angústia uma forma melhor para respirar. Reaprender a importância de contar três vezes. Sentir-se útil mesmo que não reconhecido!

O professor volta pra casa de alma lavada, num banho de certa forma doído, porque ao doar suas partes do saber, que nem todos querem receber, aprender a lidar com valores inversos, com a depressão, com as histórias vindas de tantas outras histórias que pensa conhecer, de seus alunos. Aprender a curar, a buscar na palavra certa a hora marcada, tendo que estar como super-herói, suportando o mundo do ensino, por acredita nele. Aprender a lidar com o diferente, sem muitas vezes saber explicar como conviver com essa diferença. Os slogans (governamentais) e as frases politicamente corretas fazem o professor ter que calar, hoje tem mais ainda, pois estatutos parecem não jogar a favor onde tudo virou proibido e impertinente. As expectativas não foram superadas neste contexto.

Ao analisarmos vemos hoje nas salas de aulas, rostos que vão crescendo e inevitavelmente sendo esquecidos, mas que não nos esquecem, que de vez em quando aparecem, como um relâmpago, entregando uma frase em forma de bilhete, dizendo: “VOCÊ É O MELHOR PROFESSOR QUE EXISTE!”

Na emoção do dia a dia do ensinante, os professores têm que estar preparados para compartilhar conhecimento, para traduzir hipóteses e posicionamentos, para abastecer a história com grandes homens feitos de seres humanos normais, com todas as suas carências, deficiências, escolhas, ações, acertos e erros, oportunidade e convívio entre iguais. És para isso que vivem os professores...

evilazioribeiro
Enviado por evilazioribeiro em 16/10/2011
Código do texto: T3279974
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