Arthur Rimbaud o adolescente que criou poesias exuberantes...

Arthur Rimbaud é um desses geniais fenômenos do seu tempo que se extende pelos séculos dos séculos... um adolescente que escreve poemas de uma fulgurância inimaginável , e, graças a um amor tribulado com Verlaine abandona tudo aos 19 anos, para fazer viagens fantásticas , deste modo, ganhar a vida em vários tipos de trabalhos obscuros... Ele tinha o tributo de falar várias linguas, e, no entanto foi viver na África...contrair doenças e morrer num momento de vida infernal aos 37 anos de idade.

Jean Nicholas-Arthur Rimbaud nasceu em Charleville, França em 20 de Outubro 1854 e faleceu em Marselha, França em 10 de Novembro 1891.

Rimbaud nasceu no seio da classe média provincial de Charleville (hoje parte de Charleville-Mézières) no Ardennes departement no nordeste da França. Ele foi o segundo filho de Vitalie Rimbaud (Cuif, antes de se casar) e o Capitão Frédéric, que lutou na conquista de Algeria e foi premiado com a Légion d’honneur. Logo depois que o casal teve a quinta criança (Frédéric, Arthur, Victorine (que morreu um mês depois do nascimento), Vitalie e Isabelle), o pai deixou a família.

Oh estações, oh castelos!

Que alma é sem defeitos?

Eu estudei a alta magia

Do Amor, que nunca sacia.

Saúdo-te toda vez

Que canta o galo gaulês.

Ah! Não terei mais desejos:

Perdi a vida em gracejos.

Tomou-me corpo e alento,

E dispersou meus pensamentos.

Ó estações, ó castelos!

Quando tu partires, enfim

Nada restará de mim.

Ó estações, ó castelos!

Crescendo separadamente de seu pai, pelos escritos de Rimbaud é evidente que nunca se sentiu amado por sua mãe. Quando garoto era impaciente, inquieto, porém um estudante brilhante. Pela idade de quinze anos ganhou muitos prêmios e compôs versos originais e diálogos em Latim. Em 1870 seu professor Georges Izambard se tornou o mentor literário de Rimbaud e seus versos em francês começaram a melhorar muito rápido.

O Barco Ébrio – extratos

Quase ilha, a sacudir de meus bordos as querelas

E pássaros ladradores com olhos louros.

E eu vogava, quando através das cordagens fracas

Os afogados a dormir desciam aos recuos.

(…)

Mas, é verdade, muito chorei! Auroras são cruciantes,

Toda lua é impiedosa e todo sol amargo:

O áspero amor me embebeu em sonos embriagantes,

Que minha quilha estale! Que eu me faça ao mar!

Ele fugia sempre de casa e há menção de ter se unido por pouco tempo à Comuna de Paris de 1871, que foi dita em seu poema L’orgie parisienne (”A Orgia Parisiense” ou “Paris Repovoada”); evidências mostram que pode ter sofrido violências sexuais por soldados bêbados da comuna (e seu poema Le cœur supplicié (”O Coração Torturado”) parece sugerir). Nesta época ele se tornou um anarquista, começou a beber e se divertia chocando a burguesia local com suas vestes rotas e o cabelo longo.

Minha Boemia(fantasia)

Eu caminhava, as mãos soltas nos bolsos gastos;

O meu paletó não era bem o ideal;

Ia sob o céu, Musa! Teu amante leal;

Ah! E sonhava mil amores insensatos

##Minha única calça tinha um largo furo.

Pequeno Polegar, eu tecia no percurso

Um rosário de rimas. A Grande Ursa,

O meu albergue, brilhava no céu escuro.

##Sentado na sargeta, só, eu a ouvia

Nessa noite de setembro em que sentia

O odor das rosas, que vinho vigoroso!

##Ali, entre inúmeros ombros fantásticos,

Rimava com a débil lira dos elásticos

De meus sapatos, e o coração doloroso!

Em setembro 1871 começa suas andanças pela Europa. Ele retornou a Paris em setembro de 1871 por um convite do eminente poeta simbolista Paul Verlaine (depois que Rimbaud lhe mandou uma carta contendo vários exemplos do seu trabalho) e residiu brevemente em sua casa. Este, que era casado, apaixonou-se prontamente pelo adolescente calado, de olhos azuis e cabelo castanho-claro comprido. Tornaram-se amantes e levaram uma vida ociosa, regrada a absinto e haxixe. Escandalizaram o círculo literário parisiense por causa do comportamento ultrajante de Rimbaud, o arquetípico enfant terrible, que durante este período continuou a escrever notáveis versos visionários.

Em 1872 Mathilde, mulher de Verlaine, exige que o marido se afaste de Rimbaud. Entretanto, em julho, os dois viajam juntos e são presos em Arras, em decorrência de “conduta suspeita”. Em setembro chegam a Londres. Três meses após, Rimbaud volta a Charleville, atendendo o pedido de sua mãe. Em janeiro de 1873, Verlaine, doente, chama Rimbaud a Londres. Em 3 de julho os dois se afastam, e Verlaine viaja a Bruxelas.

Ouça Arthur Rimbaud - Le dormeur du val : https://www.youtube.com/watch?v=T50OAl2adhI&feature=fvwrel

Verlaine, anos depois da morte de Rimbaud concebeu o projeto temerário de revelar que genial poeta fora o seu amigo desaparecido. Não possuía mais nada dele, nem manuscritos, nem cópias, nem documentos, tudo havia sumido no naufrágio de sua vida. Então, começou sua peregrinação para contatos...longa história repleta de dificuldades ate conseguir publicar o livro que continha um pouco da genialidade do seu amigo: "A justiça foi feita e bem-feita...", escreveu Verlaine Arthur Rimbaud - A Eternidade (Português)_http://www.youtube.com/watch?v=SNF33qVAucg&feature=share

Ninguém ficou sabendo da sua morte. Mesmo, Verlaine já tinha esquecido o seu grande amor adolescente, o poeta irreverente, tresloucado, de grandes olhos azuis que escandalizara o Quartier Latin. Também pudera, ele havia sumido em 1880 na chamada “terra das sombras”, a tenebrosa Abissínia na África Oriental e ninguém, salvo sua família, havia tido notícias dele.

Artur Rimbaud, pag. 1455 - Grande Enciclopédia Universal - edição de 1980 - ed. Amazonas

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