Querida Família Freire
(Presentes, ausentes, e todos aqueles que já
partiram deste mundo, habitando, hoje, 
o reino de Deus)

  As flores que ornam este ambiente, o solo e árvores em primavera, e a alegria que se lê no rosto dos presentes nos revelam que hoje é dia de festa.
   Hoje – dia 11 de outubro, véspera do dia santo consagrado a Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil. Ela, que bem perto daqui tem a sua morada no alto da Serra da Tormenta. Ela, que nesta casa foi um dia entronizada no coração daqueles que aqui viveram, e no espaço físico desta fazenda.
  Não tenho dúvida de que Ela, hoje, certamente, nos sorri. Sorri pela união e reunião de nossa família. Como a Estrela de Belém, fomos guiados por Ela as nossas origens, sedentos que estávamos de confraternização familiar.
  O mineiro tem o sentimento da fraternidade do João de Barro: constrói a sua casa e, nela, não coloca porta.

   Tio Milico se encontra aqui e agora, próximo a cada um de nós. Sua presença se dá no convívio afável, bom e generoso de seu único neto, netas, filha, genro. Soube ele deixar, e sabem vocês perpetuar a marca de sua personalidade: doce, simples, religiosa.
   Galdino José Freirre e Lina Theobaldina Freire. Seus descendentes aqui estão. Um longo silêncio de várias gerações, um longo silêncio de convívio explode hoje no semblante, na alma, nos risos e sorrisos de cada um de nós. Nossos braços e abraços querem tocar e sentir. Querem encurtar distancias e matar saudades. O som de nossa voz, abafada pela distância, sufocado no coração, quer, hoje, dizer: Eu Te Amo !
 Cinco gerações... Quantos sonhos ? Quantas esperanças...Quantas dores ? Quantas alegrias... Tudo, tudo isso e muito mais no Itapiché do dia 11 de outubro de 1992.

   Dessa chama historicamente recente, seguimos nossos passos... Chegaram eles, Vovô Dino e Vovó Lina, em lugares diferentes. Aprenderam outras linguas, conheceram outros povos, cruzaram o oceano. Entretanto não se dispersaram. Próximos ou distantes, vivos ou mortos, aqui estão unidos e ligados pelo bem maior da civilização: FAMÍLIA.
   Dispersão não é qualidade de Família, é atributo de bando. 
  Nossa genealogia tem essa característica; nosso sangue vale o valor de sua linhagem. 
  Percebo nessa descendência e até onde pode chegar minha visão de ascendência, valores eternos. Bondade, simplicidade, sentimento cristão, amor ao trabalho, coração sempre aberto ao perdão, corre, sem alarde, no sangue de todos nós.
   Não somos rio caudaloso, somos como córrego Itapiché: manso, sereno, límpido – correndo sempre – sem bruscas inundações ou secas inesperadas.
   Quem pecorre as estradas da vida, vê sempre uma cruz plantada em cada encruzilhada, símbolo da adição de mais uma saudade, saudade de alguém cuja presença querida a vida subtraiu de nosso convívio. Podemos dizer que sentimos saudades de nossos mortos, assim como devemos dizer sem mêdo e com alegria: Eles estão na graça de Deus. 
   Dizem os astronômos que quando as estrelas se apagam nas constelações do infinito, elas permanecem ainda, às vezes por milhões de anos, brilhando e fulgindo nas vastidões dos céus.
   Quando a noite chegar, rezaremos o Pai Nosso, e, depois vamos olhar para o Céu.
   Agora é dia-dia, e hoje é dia de confraternização. Deixem bailar os nossos corações para que os acordes desse dia e da sinfonia dessa festa jamais se apaguem de nossos corações.
   Nossas homenagens especiais à Seleneh, Magali e Júnior. Tiveram eles a inspiração desse encontro feliz. Souberam, pedagogos do Amor, deixar, para sempre, no solo de nossas vidas, a semente de Vida que, certamente, produzirá os melhores frutos. 
  Na trindade viva dos irmãos Freire: Ana, Lourdes e Ubaldo, beijamos, orgulhosos, suas mãos queridas.
  Muito obrigado pela honra, e que Deus proteja a nossa Família. 

 
Roberto Gonçalves
Escritor

 
RG
Enviado por RG em 07/12/2014
Reeditado em 09/07/2016
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