COSSACO

A dançarina de cancã

deixa o cossaco tantã.

Ele aplaude junto à platéia,

se a quadrilha dançante

alevanta os traseiros

redundantes e rendados.

Após uma dose de vodca,

ao garçom faz dois pedidos:

àquela lourinha do meio

diga que tem belos seios,

peça que venha à mesa

que arco com a despesa.

Catherine, atenciosa e ciosa,

senta no colo do cossaco

e dos lábios abre um naco.

Mas o russo era dançarino,

gostava de dançar a polca

na antiga União Soviética,

bem antes de perestróica,

exibia-se em andanças

de Moscou até à Sibéria

para uma russa estóica.

Levanta, abraça a cintura

da francesinha insegura,

que é chutada na canela,

sendo de pronto atendida

pelo garçom que apõe gelo

sobre o hematoma dela.

Boris Ilitch Kaganovich

está de pileque e desolado,

desejava-a nua em pêlo...

Balança seu copo de vodca,

onde agora só dança o gelo.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 01/01/2009
Código do texto: T1362652
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