COSSACO
A dançarina de cancã
deixa o cossaco tantã.
Ele aplaude junto à platéia,
se a quadrilha dançante
alevanta os traseiros
redundantes e rendados.
Após uma dose de vodca,
ao garçom faz dois pedidos:
àquela lourinha do meio
diga que tem belos seios,
peça que venha à mesa
que arco com a despesa.
Catherine, atenciosa e ciosa,
senta no colo do cossaco
e dos lábios abre um naco.
Mas o russo era dançarino,
gostava de dançar a polca
na antiga União Soviética,
bem antes de perestróica,
exibia-se em andanças
de Moscou até à Sibéria
para uma russa estóica.
Levanta, abraça a cintura
da francesinha insegura,
que é chutada na canela,
sendo de pronto atendida
pelo garçom que apõe gelo
sobre o hematoma dela.
Boris Ilitch Kaganovich
está de pileque e desolado,
desejava-a nua em pêlo...
Balança seu copo de vodca,
onde agora só dança o gelo.