TODO CORNO É CEGO

A vida é a vida a luta é a luta, quem vive luta e quem luta vive. A vida é bela já dizia “Branchur”. Raimundo do fole portador de necessidades especiais, nascido nos Cafundós, montou um trio forrozeiro, composto de um sanfoneiro, um triangueiro e um sabumbeiro. Com essa pequena orquestra ganha a vida nas ruas de Fortaleza. O trio percorre praças e botequins do centro da cidade com suas apresentações voluntárias, O cachê é aquele. Dá quem quer e o que pode. Raimundo na condição de deficiente visual chama atenção adonde se apresenta. Logo que chega, alguém desavisado diz: - deixa o ceguinho entrar! Ele responde no maior gracejo. - Ceguinho é a mãe... Mete os dedos no teclado dá o seu recado passa o chapéu junta os trocados e arriba em busca de outro ambiente para suas apresentações. O bom mesmo acontece é quando ele chega ao frigorífico e bar Raimundo do queijo de coalho. A mundiça grita... - Todo cego é corno! Raimundo do fole dá à maior gaitada e responde. - E todo corno é cego!