A INCRÍVEL HISTORIA DO DEFUNTO QUE NÃO MORREU...

1- Duas tragédias trágicas em um só dia.

Primeiro foi a morte do coronel Totonho. Seu cavalo voltou à fazenda trazendo ainda agarrado as rédeas o corpo do coronel, coitado. Bom, não tão coitado assim, segundo as más línguas ele batia nos escravos, na mulher e nos seus quatro filhos. Foi uma algazarra na fazenda, choravam escravos, mulher e os filhos. Se de tristeza ou alívio não sei, nem estava lá!

A segunda foi o desaparecimento do padre Onofre da cidadezinha de Mato Quente, e mais estranho ainda foi que sua comadre Filomena (Filó para os amigos) também sumiu no mesmo dia, levando seus seis filhos, todos afilhados do bom padre.

Dizem as más línguas que fugiram juntos, eu não saio espalhando uma coisa dessas, nem estava lá!

2- Duas verdades verdadeiras em um só dia.

Quinze dias após essas tragédias eis que retorna a fazenda, corado, feliz e vivinho da silva o coronel Totonho! E qual não foi seu espanto ao ver na cama, com sua mulher, seu amigo e compadre Bastião a consolar viúva tão desconsolada!

Alvoroço mesmo foi a volta da comadre Filomena (Filó para os amigos) com seus seis filhos, mas sem o padre Onofre.

Eita mistério mais misterioso esse! O que eu sei e que me contaram foi que o coronel Totonho tinha fugido com a comadre Filomena e para evitar comentários tinha até trocado de roupa com padre Onofre com quem tinha se encontrado no meio do caminho..

Até hoje eu não sei por que essa história de genética é tão complicada, eu só sei que dois dos filhos da Filó (agora já minha amiga) são tão parecidos com o coronel Totonho, pior ainda é ver que três dos filhos desse coronel é tão parecido com o compadre Bastião...

O que eu sei mesmo e ninguém me contou, é que o coronel Totonho até hoje vive uma dúvida cruel:

- Melhor ser defunto morto com tiro na cara ou vivo com cornos no meio da testa?

Fortaleza, 19 de Agosto de 2009.

Observação: Como me julgo "quase" uma contista, uso e abuso das repetições de palavras.