ELA NÃO PODE VER HOMEM...

Adoro ir a Praça Principal no centro histórico dos Cafundós. Naquele largo acontece de tudo. Tem palhaços, malabaristas, camelôs, engraxates, descuidistas, vadias, travestis mágicos e poetas. Muitas e muitas figuras engraçadas, extravagantes e cheias de esquisitices transitam naquele espaço. Sentei-me numa cadeira dum engraxate enquanto ele polia meus sapatos, a gente conversava. Foi ai que o cara olhou pra mim e com um tom de graça proferiu: - Meu camarada, não te conto... Tenho uma irmã, mas, né que a danada não pode ver homem... Aquele comentário me chamou atenção. Então, o inquiri. – Mas porque ela não pode homem, meu rapaz? -Ah! O senhor não sabe? A minha irmã é cega doutor! Porra meu, que vexame! Bem qu’eu poderia dormir sem aquela resposta.