A MORTE COMO COMPANHEIRA DE SONO

Cada doido com sua mania. Um tio meu fez investimento para o fim da vida, contratou plano funerário e construiu sua própria catacumba, ao contrário de um dos seus filhos que tem pavor à morte, jamais conjugou o verbo morrer. Por coincidência ou ironia do destino, a secretaria de saúde cafundoense promoveu uma serie de palestras com especialistas em geriatria. No decorrer das falas, um doutor médico de língua maior que a boca, deixou escapar uma informação bombástica, disse ele que, nós passamos a dormir com a morte ao completar os cinqüenta anos de idade. Não deu outra, o meu primo presente ao evento apavorou-se ao descobrir a sua futura companheira noturna, saiu do congresso direto para uma movelaria, comprou uma cama de solteiro confessando ao vendeião da loja: - Doarei a minha cama de casal, ouvir dizer que ao completar cinqüenta anos de idade, passamos a dormir com a morte. Deus me livre e guarde de ter uma companheira sem face, de corpo frio e vestida de camisola branca todas as noites ao meu lado!