COMER AVEIA E NÃO A VÉIA

O pior mouco é aquele que não sabe ouvir, não há coisa pior que interagir com um mouco. O pai de uma vizinha dirigiu-se à única botica em atividade nos Cafundós à procura de saúde para a sua senhora meio decadente: “magra, cadavérica, desnutrida e com insônia”. – Dotô, estou à procura de melhora pra muié lá em casa. De tão magra ela parece um tamanco, só couro e pau; dorme pouco e quando o galo canta já fez o café e pitou dois cachimbos.

O boticário, vendeião experiente, conhecedor de mezinha regional, procurou se acercar da situação e fez a consulta virtual. De posse das condições de saúde da velha rascunhou uma espécie de receituário descrevendo o quadro clínico da paciente ausente, indicando a medicação a ser vendida em sua farmácia, como também aconselhou um regime alimentar ‘comer aveia’.

Após anotar a venda na caderneta do cliente, já que o pagamento seria no dia do aposento, ele explicou o receituário ao velhinho. No dia seguinte o boticário foi questionado por uma filha do cidadão.

– Qual remédio o senhor indicou para a minha mãe?

– Cálcio, fortificante e uma mezinha a base de pó de batojá e, como suplemento alimentar indiquei para o casal “comer aveia”.

– Entendi, dotô! Como o pai é mouco ele entendeu ‘comer a veia’, passou a noite querendo fufuricar a mãinha.