ÔNIBUS SEM TOALETE

Numa viagem noturna entre a corte e os Cafundós perdi o sonho: - Ai, ai, ai, pode parar, pode parar... Pára o ônibus que preciso arriar o barro, preciso ir a um banheiro agora. - Você está louco, não posso atrasar a viagem, logo estaremos num ponto de apoio, respondeu o motorista. - Não agüento mais, essa parada vai demorar uma eternidade, reclama o passageiro apertado. Não vai parar não, então, vou arriar o barro aqui mesmo. O ônibus entra na cidade, o motorista estaciona próximo ao ponto de apoio. O passageiro desce e procura de um abrigo para fazer suas necessidades. Encostado num canteiro no meio da praça e, depois de arriar o barro, já aliviado e satisfeito, não tem pressa em levantar-se. Nesse interino ouve uns sussurros: Hum! Ai!, Hum! Ai!, Hum Ai!. O diabo do matuto leva tudo pro buraco da maldade, pensa lá com seus botões: - Tem negrinho ai atrás fazendo amor. Afasta os galhos da roseira pra conferir e lavrar o flagrante de prazer, né que ele deu com os burros n’água. Nada de coito apenas dois deficientes visuais fumando. O primeiro traga o cigarro e repassa: - Hum! O segundo recebe a guimba acesa e, pega na parte da brasa e grita: - Ai!