RICAÇO CARIDOSO

Conheci muita gente mão-de-vaca, pão duro, avarenta e mesquinha. Hoje tomei conhecimento de uma pessoa generosa, mão aberta do tipo que fica sem o dicumê para doar seu prato a um faminto. Eita sujeitinho caridoso! Zequinha da tia Tonha mudou-se para São Paulo e lá subiu na vida. Comprou casa, comprou carro e todo final de semana ele passa na baixada santista. Padim Paulo, meu tio e também padim e tio do ricaço, em meio a aperto financeiro, pediu-lhe socorro através de carta. Foi tiro e queda, o bichão não contou pipoca, atendeu em cima da bucha. Zequinha, antes mesmo de fazer a filantropia, meteu-se num terno escuro, sacou uma nota de cem reais da carteira colocando no bolso interno no paletó e rumou a Praça da Sé. Postou-se em frente ao primeiro lambe e lambe para ser fotografado. De posse do postal, subscreveu no verso: - Querido tio e padim Paulo, para que não esqueça minha imagem, encaminho-lhe esta linda foto e, quanto à ajuda prometida, segue no bolso do paletó.