O CACHORRO E O CARTEIRO

Nem Freud explica a rixa do cachorro pelo o carteiro. Se o estafeta descuidar é abocanhado pelo cão, tendo o seu uniforme destruído e parte do corpo devorado pelas presas da fera. Grilo, amigão das antigas, carteiro matraqueado e precavido tomou as vacinas contra a calazar e raiva canina. Imunizado contra as doenças causadas pelo protozoário Leishmania donovani não vacila durante sua percorrida. Ele fazia a distribuição num bairro da periferia dos Cafundós, quanto percebeu o ataque de um cão da raça pit bull. O animal partiu pra cima dele com dois palmos de boca aberta mostrando as presas afiadas e as unhas de cinco centímetros de comprimento. O carteiro, católico desde criancinha, sacou do bolso um rosário, fechou-o na mão esquerda e gritou: Valei-me São Lázaro! Meu irmão, não deu outra. O padroeiro dos cachorros intercedeu em defesa do suplicante. A fera deu um freio que as patas entram de chão adentro e as pernas encolheram, deu uma travada no corpo à coluna estalou partindo-a em duas partes, a cauda deu um nó. O cachorro fechou a boca mordeu a língua partindo em três pedaços, encolheu as orelhas e caiu de fiofó trancado.