O muro que respira (Me sufoca)

Naquela noite, uma voz negra e doce sussurrou em meus ouvidos como asas de morcego

Imerso num sonho claustrofobicamente mudo e fechado

Não havia formas sensatas de comunicação

E, eu não podia indagar porque fizeram aquilo comigo.

Fui emparedado, cimentado vivo

Assim como um tijolo fixado

Fixado fui nessa parede de concreto

Onde não há outro sinal orgânico de vida.

Só há decadência e loucura nesse muro maldito

Que divide o espaço entre o dentro e o fora

Agora, que acabei de acordar (do sonho)

Poe se virou para mim, ele esteve o tempo todo ao meu lado.

E sorrindo de lábios fechados não me dirigiu a palavra

Mas, eu entendi o que o mórbido poeta quis me mostrar

Arrancar-me-ão a alma da matéria, meu corpo terei que abandonar?

Sem conseguir imaginar, descobri que meu sepultamento está a chegar.

Minh’ alma que não pertence a essa sombra que tomba

Nunca mais será desenterrada¹.

O muro que respira (me sufoca)

O muro que respira (me sufoca)

O muro que respira (me sufoca)

O muro que respira...

...

...

...

...

*Baseado em: O barril de Amontillado.

¹Citação extraída de: O corvo.

(Edgar Alan Poe)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 02/01/2012
Reeditado em 01/11/2014
Código do texto: T3418167
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