Espelho d'agua

A fonte da vida e do tempo está no "Jardim secreto", onde se vai através de um labirinto sem formas geomêtricas, onde vamos sozinhos em sonhos, ou no limiar deles, em busca de respostas para a nossa existência. Só se encontra o caminho quando nos despimos do orgulho, da vaidade, do medo, e de outras vestes que usamos no decorrer da vida, e que fecham os nossos olhos para a verdade.

" E lá naquele pátio existe uma fonte

Na qual um espelho d'agua se esconde

Que reflete o hoje, o amanhã e o ontem,

Que reflete o hoje, e o amanhã...

E me trazem as ondas do mar

O que vejo é o meu coração

Desaguando como um ribeirão...

Na água eu vejo um menino

Com sonhos de peregrino

Reluz o sol que ilumina os olhos meus

E lá naquele pátio existe uma fonte

É lá que o espelho d'agua se esconde

Que reflete o hoje e o amanhã

E me trazem as ondas do mar

O que vejo é o meu coração,

Desaguando como um ribeirão,

Reluz o sol que ilumina os olhos meus,

Reluz o sol que ilumina os olhos meus...

Reluz um sol que ilumina os sonhos meus...

Esta canção foi feita em agosto de 2007, onde a percepção estava a flor da pele, e os sentidos voltados aos estágios do tempo, passado, presente e futuro, percebendo o quanto eles se aproximam ou se afastam , e o quanto pulsam de acordo com os nossos momentos, e imaginei que era possível visitá-los no jardim secreto, nos dias permitidos , quando o criador em sonho nos autoriza a vê-los. As revelações são difíceis de ver, e por isso na maior parte da nossa vida permanecem fechadas , e mesmo nesses raros momentos de visão, são apenas visitas rápidas , como o piscar de uma luz.

Não vamos nos esquecer que a metafísica é uma mensagem filosófica, que os pensadores gregos já sabiam existir, fala do abstrato e da forma de sentir o físico, portanto o abstrato existe, e a nossa inclusão nas dimensões do tempo como um todo.

A letra fala do criador e do ilimitado quando nos é concedido centelhas rápidas de luz. Este pensamento entrou em sonho, onde eu já estive no jardim, e me trouxe uma paz muito grande, e canto esta música com o coração, e sentimento ,é verdadeira por completo, é a busca do melhor de mim e das distâncias que existem.

O menino que vejo na fonte sou eu, pequeno , frágil e repleto de sonhos , como eu era quando criança. Passei tantas coisas que vivia dizendo aos meus botões; " Um dia vou fazer isso, e aquilo, e serei tal coisa, e construirei aquela outra coisa....", e essas divagações infantis, que nos transportam a porta do sono, antes de adormecer, como bálsamos para as feridas, é esse menino que resgato quando preciso de fé, e falo com ele para que nunca me abandone , porque um dia estaremos juntos no mesmo caminho, de mãos dadas até nos fundirmos num único ser.

O coração que deságua são as lágrimas que precisamos derramar ao longo da vida, e impedem que o cálice transborde , e aqui está o elemento água novamente, entre o mar , o ribeirão, e o constante movimento na existência.

A minha esposa cantou comigo e gostou muito, a sente a sua maneira, pois cada um tem a sua própria interpretação e sentir, pois o fluxo da vida é único.

Fazia muito tempo que tinha a idéia sobre a letra, mas não era fácil, precisava pensar nela como no sonho, e me acostumar a tê-la do lado de fora, sem prendê-la a um tempo determinado.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 30/07/2014
Reeditado em 21/03/2018
Código do texto: T4902939
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