Nos tempos de menino!

Era o caminho da roça

E a pureza de Maria

A folha verde no mato

A chuva quando caia

"Passarim" rio regato

E a natureza sorria

Era o beijo que eu cultivava

A vida que eu bem queria

Do jeito que eu sonhava

Realmente acontecia

Queria um fruto eu plantava

Vingava o fruto eu comia

Da morte eu não tinha medo

A morte eu não conhecia

Não tinha nem um segredo

Andar no mato sem guia

Nunca era tarde nem cedo

Meia-noite ou meio-dia

Fui menino mais que sete

Ou dezessete léguas e meia

Menino fui cacetete

Menino fogo nas veias

Bola de gude, pivete

Menino bola de meia

Fui menino meia-noite

Menino fui meio-dia

Menino vento de açoite

Fui o ventre da folia

Menino trovão da noite

Fui chuva, fui invernia

Fui menino pistoleiro

Menino caramanchão

Menino fui sapateiro

Menino carro de mão

Menino fui cangaceiro

Menino fui lampião

Menino, também menino fui

E o tempo deu-me a alma sua

Deu-me batente de bares

Deu-me vida nua e crua

Becos e esquinas meus lares

Moleque ponta de rua

Maciel Melo e Virgílio Siqueira
Enviado por CHaMP Brasil em 12/05/2017
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