Estética e ética do natal

Estética e ética, paradoxo que tem a capacidade de ser também ponto de convergência na reflexão da grande festa do Natal.

A estética é reverenciada: luzes a brilhar, Papai Noel, casas reformadas e pintadas, presentes e embalagens belas, árvores, decoração, colorido, alegria, musiquinha, banquetes, etc. Há uma preocupação latente com a aparência, com aquilo que aparece e prevalece sobre outras coisas, eis a estética.

Por sua vez, a estética deve unir-se à ética para que seja completamente bela. Ética, capacidade humana de cultivar e promover valores; ou seja, em tudo que faz, em cada ato, buscar o fundamento do bem.

Parece que nos tempos hodiernos há uma necessidade estética para que aconteça ética. Isso não é crítica, mas é uma constatação da realidade na qual eu vivo. Sendo assim, surge em meu coração uma justificável opinião: a ética pode estar escondida na estética, e vice versa.

Em suma, no afã de buscar e descobrir o valor, o amor, a beleza, a sinceridade, o sentimento, a intenção... é mister absorver algo essencial e perene daquilo que sugestivamente seja superficial e aparente. O exterior não é tão oco, ele é carregado de intenção; os presentes não conotam só consumismo, é muito mais que isso, é simbolismo que fala e une corações; as festas e banquetes não são só bebida e comida, é união de laços fraternos, é lembrança, é saudade, é alegria ao redor da mesa, na beleza de ser e ter família; os abraços e beijos não são falseados, há arrependimento, perdão, é maneira discreta do coração falar.

O Natal, nascimento de Jesus, tão simples e tão perfeito, tão pobre e tão rico, tão menino/homem e tão Deus. A estética em Jesus convida à ética da humildade, do caminho ascendente cujo destino e caminho é o amor.

O amor... o maior valor, ponto de partida e de chegada e o critério único para avaliar a ética contida na estética.

Tudo bem que há coisas que são desintegradas do amor no significado radical do natal; mas quem não erra na intenção de acertar? Querer amar já é amar, dizia uma santa. Muitos perdem tempo no lamento, parecem que querem ver o erro. Ah urubus, que têm o universo todo pra voar, mas preferem as carniças!

Enfim, é preciso urgentemente unir estética e ética. Há uma distância entre uma e outra, mas existe uma ponte chamada amor que une essas duas realidades. No coração de quem se oferece e de quem algo recebe esse encontro é glorioso.

Estética e ética ... Aparência que conduz à essência, exterior que reflete o interior, paixão que se transforma em amor, simplicidade que reveste perfeição, embalagem que surpreende antes do presente, gesto que fala mais que palavras, símbolos que resumem livros, Eros que se transforma em ágape, texto que decifra paradigmas, corpo e alma, ativismo e calma, a roupa e a pessoa no estilo, melodia e letra na canção, razão que limita e coração que voa livre.

Saber que a beleza não tem limite, ela vai além dos palpites e surpreende a todos os viventes. Os viventes? Os sensíveis que, ainda respiram, podem enxergar e não só olhar, podem caminhar e não andar, podem dizer e não só falar, podem ser e não só estar. Aqueles que se definem no equilíbrio provindo da estética e ética.

"É preciso paciência no olhar estético para poder descobrir e brotar a essência de um agir ético"

Hudson Roza
Enviado por Hudson Roza em 30/12/2009
Código do texto: T2003206
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