FRUIÇÃO DO GOZO

– Para Mário Feijó, em Capão da Canoa/RS.

Mesmo que se classifiquem os elogios emitidos sobre o texto como originários de um “gesto de bondade”, registro a sensação por bem receber a peça, eis que concebo o poeta um permanente experimentador da palavra. Quando o leitor de poesia recepciona a mensagem, a boca trespassa sua destinação: balbucia com estranheza e encantamento. Até entendo que quando se fala neste sopro, está a se dizer que o analista possui um coração magnânimo, diferente do crítico contumaz e da costumeira dureza do espiritual contemporâneo: aquela indiferença com que a maioria das pessoas costuma recepcionar o Verbo e a Beleza. Não há qualificativos específicos para essa sensação estética, porém, por certo o motor das palavras não é a Bondade. E se impõe a pergunta: a fruição do gozo propicia toda essa “noblesse oblige”? Permanecem os resistentes de todo o sempre...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

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