O mal em foco: alimentando a tragédia humana
 

Onde focar a consciência, a atenção, é uma escolha do livre arbítrio de cada um, cuja consequência é a qualidade do status psíquico e espiritual de quem a faz e da contribuição que é capaz de dar ao processo evolutivo de si próprio e da humanidade. 

 

Olhe à volta! Veja o noticiário! O mundo está cheio de ódio, ignorância, doenças, egoísmo e infelicidade. Parece que essas tragédias têm vida própria e se tornam cada vez mais insinuantes em nossas vidas. No entanto, elas não se entranhariam em nossa alma se não colocássemos nelas o foco de nossa consciência. Não estaríamos dando atenção ao mal, não o estaríamos alimentando.

 

O mal só é mal quando não é visto sob a perspectiva do bem maior. A energia negativa se contrapõe à positiva para gerar, na síntese, o crescimento da consciência. Na compreensão profunda dos mistérios da existência, a evolução é uma chama que, assim como o fogo, precisa do combustível - o que queima - mas também do comburente, do oxigênio - o que faz queimar. Assim como o oxigênio, o mal, quando circunscrito ao seu papel, atiça o fogo da evolução. Mas, quando exacerbado, acaba por apagar a chama que nos induz ao espírito. Alimentar o mal pelo foco de nossa atenção é exacerbá-lo, é contribuir para extinguir o fogo sagrado que quer se insinuar em nossa consciência.


O Universo é feito de oportunidades para quem olha para enxergar, principalmente vislumbrando o horizonte, onde se dá a síntese do bem e do mal para a emergência de uma nova Terra. Mas a violência, o crime, as guerras e todas as desgraças humanas são o tema preferido da atenção da mídia, retroalimentada que é pela inconsciência da motivação humana. Mídia que é fonte da informação do mundo, mas não é fonte da Informação da Vida, o que cada um pode acessar dentro de si próprio. O mal está exposto nas linhas das notícias e do pensamento humano; o bem está presente nas entrelinhas da vida. É a atenção e o compromisso com ele que trará a Luz para expulsar as trevas.


Estamos num final de ciclo, quando o mal é exacerbado. Mas o final de ciclo contém em si as sementes do novo, que já afloram onde nos empenhamos em encontrá-las. Por que então não regar estas sementes ao invés de alimentar o que inexoravelmente está morrendo? Por que não embarcar na força ascendente do novo ciclo, ao invés de se deixar levar pelo que, em processo de decomposição, já não tem mais vida?


As Bênçãos da Vida deixam em seu lugar sua própria negação quando estão ausentes da alma humana. O mal não existe por si só, pois ele é apenas a ausência do bem. O ódio, derivado do medo, é simplesmente a ausência do Amor, não o seu oposto. O feio permanece, na ausência do Belo; a ignorância se faz presente, na ausência da Sabedoria; a doença impera, na ausência da Saúde. O medo prevalece na ausência da Fé e as trevas dominam na ausência da Luz.


Se estes Atributos naturais, com que somos presenteados ao nascer - o Amor, o Belo, a Sabedoria, a Saúde, a Fé, bem como a criatividade, o potencial de realização e a alegria de viver - hoje não estão mais em nossas vidas, é porque os fomos descartando, lentamente, em troca dos estímulos materializantes, sem nos darmos conta disso. O quadro tenebroso que se descortina diante da consciência que lhe dá atenção é apenas o resultado da ausência dos Atributos naturais no cerne dos eventos humanos. 

 

Façamos do foco da consciência a Luz que irradia sobre nós e sobre nosso mundo os Atributos do espirito. Usemos o Foco da Consciência para sintonizar o Amor, a Sabedoria e o Poder Divinos que fluem continuamente da Grande Fonte. Sintonizemos nossos canais interiores no Bem, para que o mal não tenha sustentação em nossas vidas.


O ser humano é a sede dos Atributos Divinos. Mas, para que eles se instalem é preciso abrir-lhes a porta.

Roberto Guelfi
Enviado por Roberto Guelfi em 28/09/2016
Reeditado em 11/01/2023
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